
O uso global de materiais reciclados segue em queda, mesmo diante do aumento acelerado na extração de matérias-primas virgens. Segundo o Circularity Gap Report 2025, da Deloitte e Circle Economy, apenas 6,9% das 106 bilhões de toneladas de materiais consumidos anualmente no planeta vêm da reciclagem — uma queda de 2,2 pontos percentuais em dez anos. Isso significa que quase 90% dos materiais usados globalmente viram resíduo e não retornam à economia.
Lançado durante o 8º Fórum Mundial de Economia Circular, em São Paulo, o relatório alerta que o crescimento no consumo supera o avanço populacional: em 50 anos, a extração de materiais mais que triplicou, enquanto o consumo per capita saltou de 8,4 para 12,2 toneladas anuais. “Mesmo no cenário ideal, só reciclar não resolve a crise planetária”, diz Ivonne Bojoh, CEO da Circle Economy.
Ainda assim, a Folha de S.Paulo conta que especialistas apontam a reciclagem como peça-chave na redução de emissões. “Ela é uma mineração urbana”, afirma Marcelo Souza, da Fox. Um exemplo: a produção de alumínio reciclado emite mais de 90% menos carbono do que o obtido da matéria-prima virgem. No entanto, os sistemas atuais são ineficientes: apenas 3,8% dos recicláveis vêm de resíduos domésticos.
No Brasil, o cenário é desafiador. O país recicla apenas 8% dos resíduos sólidos urbanos, apesar de 40% deles serem potencialmente recicláveis. Um dos gargalos começa na separação: 1 em cada 3 brasileiros com acesso à coleta seletiva não separa o lixo em casa, segundo o Datafolha. Falta infraestrutura e investimento, segundo lideranças como Telines Nascimento Junior, da Coopercaps.
A transformação, alertam especialistas, precisa ir além da técnica. Passa por educação ambiental, incentivos à cadeia da reciclagem e uma mudança cultural. “Durante séculos, aprendemos a valorizar o que é virgem. Chegou a hora de dar beleza ao que é reciclado”, afirma Souza. Para Beatriz Luz, do Hub de Economia Circular Brasil, o resíduo só deixará de ser visto como lixo quando for reinserido como insumo em novos modelos econômicos.
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