Em março de 2025, foram registrados 187 pedidos de recuperação judicial no Brasil.
O número representa o maior volume mensal do ano até agora, segundo levantamento da Serasa Experian.
Em comparação com o mesmo mês de 2024, houve alta de 2,2% no total de requerimentos.
Desse total, 140 pedidos partiram de micro e pequenas empresas, o que equivale a quase 75% dos casos registrados no período.
Pequenas empresas são as mais expostas
Para especialistas, o dado reforça a fragilidade de negócios de menor porte diante das pressões financeiras.
Entre os fatores apontados estão o alto custo do crédito, a retração da demanda em setores específicos e a dificuldade de acesso a capital de giro.
Charles Nasrallah, advogado especializado em recuperação judicial e falências, afirma que a situação é mais crítica entre as PMEs.
Segundo ele, esses negócios têm menor capacidade de negociação com credores e menos fôlego para sustentar o caixa.
“A recuperação judicial virou o último recurso para quem não consegue renegociar fora do Judiciário”, explica.
Setores primário e de serviços lideram os pedidos
Entre os segmentos da economia, o setor primário foi o que mais registrou pedidos de recuperação.
Em seguida, aparecem os setores de serviços, comércio e indústria.
Além disso, os pedidos de falência também cresceram no mês.
Foram 60 solicitações em março, um aumento de 13,2% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Aumento da judicialização liga alerta sobre mediação
De acordo com Nasrallah, o aumento da judicialização dos casos sinaliza um problema estrutural.
Para ele, há ausência de mecanismos eficazes para mediação preventiva de dívidas e renegociações.
“A falta de instrumentos extrajudiciais acessíveis deveria preocupar quem formula políticas públicas”, afirma.
Entre os pontos citados estão a necessidade de linhas de crédito adequadas, canais de renegociação e incentivo à mediação empresarial.