
A venda de tadalafila no Brasil cresceu quase 20 vezes na última década, segundo um levantamento feito pelo G1. Para efeito de comparação, se antes era vendido um comprimido, hoje são comercializados 20.
A tadalafila, usada no tratamento da disfunção erétil, está no mercado desde os anos 2000. Ela surgiu como uma alternativa à sildenafila, o popular Viagra, oferecendo ação prolongada e menos efeitos colaterais.
De tabu, o medicamento passou a ocupar posição de destaque nas farmácias, impulsionado pela fama adquirida nas redes sociais.
O aumento nas vendas acompanha a onda de vídeos publicados por jovens e adolescentes. Especialistas explicam que a popularidade da substância está ligada ao “hype” criado na internet, onde a tadalafila é promovida como potencializadora de relações sexuais, pré-treino e até como “tratamento” para aumento peniano. Será que tudo isso é verdade?
Tadalafila aumenta o tempo de duração da ereção?
É mito! Apesar de muitos homens dizerem nas redes que conseguem manter relações por mais de 40 minutos com o uso da tadalafila, o medicamento não prolonga o tempo de ereção até a ejaculação. Segundo o urologista Eduardo Bertero, o efeito real é a firmeza da ereção, que permite ao homem sentir-se mais seguro e relaxado.
“A pessoa consegue focar no prazer sem precisar ficar controlando se o pênis está ereto ou não, não gera a ansiedade que pode fazer com que termine mais rápido”, explica.
O médico lembra que o tempo médio natural entre ereção e ejaculação é de cinco a seis minutos. “A gente quer que a doença de disfunção erétil não seja um tabu porque o tratamento pode dar qualidade de vida para as pessoas. Mas é preciso estar alerta para não desnaturalizar o que é natural. Perder a referência de si, e isso pode trazer inseguranças, ansiedade, que são gatilhos para disfunção”, afirma Bertero.

Tadalafila aumenta o tamanho do pênis?
É mito! A tadalafila não aumenta o tamanho do pênis. Por ser vasodilatadora, ela aumenta o fluxo sanguíneo na região por até 36 horas, o que pode gerar a impressão de aumento. No entanto, não há alteração real no tamanho.
“A pessoa pode sentir um aumento no volume na roupa, por exemplo. Isso porque, mesmo flácido, vai ter mais volume de sangue na região e causa essa impressão”, explica o médico. O uso prolongado com esse objetivo, como sugerido em redes sociais, não tem base científica.
A tadalafila permite relações sexuais com menor intervalo entre elas?
É verdade! O urologista afirma que o medicamento reduz o tempo de recuperação entre uma relação e outra, normalmente de 30 minutos a uma hora. A ação prolongada da tadalafila favorece a manutenção do fluxo sanguíneo na região íntima, facilitando novas relações em menor tempo.
Tadalafila não tem efeitos colaterais?
Mais ou menos. A tadalafila é considerada segura e tem poucos efeitos colaterais, especialmente se comparada a medicamentos mais antigos. No entanto, pode causar dor de cabeça, dor nas costas, rubor facial, dores musculares, congestão nasal e indigestão.
Em casos mais graves, foram registrados priapismo, perda de audição ou visão, queda da pressão arterial e eventos cardiovasculares. Há relatos de complicações visuais e auditivas.
Um caso, publicado na revista científica Nature, descreve um paciente que sofreu uma neuropatia óptica isquêmica anterior, perdendo parte da visão.
Apesar de não causar dependência química, especialistas alertam que o uso constante como apoio emocional pode levar à dependência psicológica, com o usuário acreditando que só consegue ter relações sexuais com a ajuda do remédio.
Tadalafila serve como pré-treino?
É mito! Não há comprovação científica de que a substância melhore o desempenho em treinos de musculação. Estudos foram feitos, mas não mostraram eficácia nesse uso.
“Como é um medicamento vasodilatador, ele deixa as veias mais aparentes e isso pode dar essa impressão de que teve mais resultado. Mas de novo, é tudo percepção, não realidade. Tadalafila não tem nada a ver com treino”, afirma o urologista.
Tadalafila funciona para mulheres?
É mito! Apesar de relatos nas redes sociais, pesquisas não encontraram evidências de que o medicamento tenha efeito estimulante em mulheres. O médico orienta que elas não façam uso da substância.
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