O mercado contra-ataca: o ataque especulativo e coordenado contra Lula.

por [Novo nome do autor]

Estamos diante de um ataque coordenado contra o governo. Não se trata da economia, nem do crescimento, nem da política externa. Não se trata do cuidado e atenção para com o Rio Grande do Sul, nem com a safra do arroz. Os ataques visam eleições de 2024 e de 2026. A direita não se decidiu se vai de Bolsonaro ou se encontra um “moderado”. Assim tentam igualar Bolsonaro e Lula no que é inigualável. A casta tenta manter com seus políticos e partidos e imprensa uma pressão e um constrangimento para tentar manter Lula sob controle.

Todo e qualquer motivo é suficiente para pressionar e o principal é constranger o governo para seguir a receita neoliberal. Desejam o fim de investimentos, fim do desenvolvimento, privatizações e a garantia de que o resultado da austeridade fiscal vá direto para o mercado. As palavras mais desejadas são ajuste fiscal, contenção dos gastos, contingenciamento. Mais uma vez tentam desvincular a Saúde e Educação e voltam ao ataque contra os “gastos” da previdência. Tudo em nome do deficit, mas jamais debatem o assunto, afinal é dogma.

Enquanto isto o congresso que os avaliza continua na contramão compondo o orçamento de cada dia e de cada um. A política externa é atacada pois tentam mostrá-la apenas como motivo de desgaste. As vitórias e o peso de Lula no exterior são minimizados. Quando Lula chamou de holocausto as ações de Israel em Gaza, a imprensa criticou dizendo que faltou a orientação do Itamaraty. Nem mesmo a imprensa acredita em suas próprias palavras, mas sabem que é mais uma pedacinho do quadro que querem pintar, imputando a Lula um despreparo e a necessidade de uma sonhada tutela.

A imprensa critica a postura de neutralidade na guerra Ucrânia e divulga todas as bravatas de Zelensky. Recentemente Zelensky e aliados queriam atrair todos para uma conferência unilateral sobre a paz. Uma estupidez óbvia foi tratada condescendentemente pela imprensa até que veio o fracasso da conferência. O fracasso jamais foi notícia. Agora todos os movimentos da extrema direita no continente, inclusive o golpe de um general só foram bem divulgados e reverberaram as acusações absurdas do general contra o presidente Arce.

Seguir a grande imprensa se tornou uma obrigação, pois é necessário se acompanhar a campanha encabeçada por canetas de aluguel, fazedores de opinião, que se dizem colunistas, visando desconstruir a imagem de Lula e colocar em evidência a extrema direita. A grande imprensa inventa uma troca de acusações entre Milei e Lula. Na realidade Lula ignora Milei e serenamente mantém as relações comerciais com a Argentina. A imprensa não chama isto de serenidade e faz provocações ao sutilmente insinuar que Lula estaria se submetendo a Milei.

Na verdade Milei tenta desesperadamente quebrar as relações com o Brasil, para se dizer sitiado pela esquerda. Isto seria, em sua cabeça alucinada, a grande desculpa para o fracasso de seu plano. A vinda de Milei a Balneário Camboriú, terra de Renan Bolsonaro, serve para candidatura do insigne cidadão, vítima de alguns processos, e de aplausos de uma platéia sui generis, que gosta de prédios que fazem sombra na praia.

A ultra direita mundial está tentando produzir eventos e acontecimentos que aumentem a dimensão deles mesmos. Se articulam globalmente, embora sejam contra a globalização. A direita desfila na mídia porque sentiu a mudança da grande imprensa, abrindo caminho e espaço para suas manifestações.

No Brasil, a velha casta de direita gostaria de um candidato como Tebet, ou em última instância que Lula abdique por Haddad. Tentam a todo custo criar uma cunha entre a economia e a presidência. Criam uma suposta divergência entre Haddad e Lula, para que os méritos econômicos não sejam do governo mas apesar do governo. Estão apavorados e com muito medo de que os avanços na economia deem força para Lula. Por esta razão, quanto mais avança a economia, maior vai ser quantidade de ataques.

Embora os índices econômicos evoluam positivamente, a grande imprensa tenta criar a imagem de que tudo isto acontece contra a vontade de Lula e PT. Tentam cooptar Haddad, mas sabendo dos obstáculos, tentam colocar Tebet em evidência. Ela obviamente não se esquiva. Está naquela de que, se colar colou. No momento querem criar a imagem de que Lula com suas falas age contra seu próprio governo. Obviamente isto serve para que defendam os absurdos do presidente do BC completamente submisso ao mercado e ideologicamente bolsonarista. Campos Neto foi a um encontro de presidentes de bancos centrais para falar contra o país e apontar os riscos de um possível sucessor indicado por Lula. Enquanto isto o BC não age contra a onda especulativa do dólar e culpa Lula de sua inércia.

É decepcionante ver colunistas que arriscam sua credibilidade ao alugar suas penas e vozes. O movimento atual lembra a campanha de deconstrução de Dilma na época do impeachment e na Lava Jato. No momento estão um pouco temerosos, se escondem atrás de palavras da ultradireita para lançar algum xingamento e reacender velhos clichês usados na Lava Jato. Para não se expor fazem matérias sobre o que outros falam de Lula e se dedicam à tarefa de criar manchetes, mesmo que sem relação como o texto do artigo. Frequentemente o texto contradita a própria manchete.

A grande imprensa e mídia continuam na mesma toada e agora querem nos provar que as falas de Lula tem a capacidade de mexer com o câmbio. Obviamente é um ataque especulativo e uma forma de pressão do mercado sobre o governo. Oportunistas se aproveitam dos movimentos internacionais do dólar. Todos sabem que o dólar iria abaixar, mas quando isto ocorre dizem que se deve a mudança de tom de Lula. O importante é dizer que Lula cedeu. O que pretendem, com suas caras de ironia, é colocar mais uma pedra na construção da desconstrução de Lula.

Este movimento da imprensa não consegue, no entanto, criar um nome eleitorável para chamar de seu. Diante desta incapacidade vão cozinhando os bolsonaristas e ultradireita mantendo-os como backup. Obviamente vão apoiá-los se não conseguirem outro nome. No entanto não abrem mão de, todos os dias, reafirmar os mantras do neoliberalismo.

Recentemente festejam o plano real. Sem sombra de dúvida o plano foi concebido por acadêmicos extremamente bem formados e inteligentes, Pérsio Arida e Lara Rezende. Porém a história mostra que eles consideravam como um estorvo, as questões sociais, trabalhistas e até mesmo a indústria, isto é, a economia real. Seus criadores mostraram sua competência em lidar com índices e conseguiram desvincular a moeda da inércia inflacionária. Academicamente falando não há como não admirar como bolaram e implementaram o plano.

Mas quatro anos depois a realidade iria cobrar a conta. Entramos em recessão econômica e o pais perdeu a capacidade de investir e se desenvolver. Ideologicamente o plano continua vivo e gerou toda uma geração de economistas neoliberais que consideram a realidade social como um estorvo. Por esta mesma razão o plano e seus economistas serão todos ressuscitados e usados na guerra para emparedar o governo. Na melhor das hipóteses ressuscitam o PSDB e encontram um candidato a 2026.

[Novo nome do autor] – Possui graduação em Física pela Universidade de São Paulo (1976), mestrado em Pos Graduação Em Física pela Universidade de São Paulo (1979) e doutorado em Física pela Universidade de São Paulo (1987). Pesquisador Visitante no Institute for Nuclear Theroy- Seattle- Univesity of Washinghton.(95-96). Atualmente é professor Titular aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina. Autor do livro: Faraday e Maxwell: Luz sobre os campos- Editora Odysseus.

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Última Atualização: 05/07/2024