Suspensão da China à carne de frango brasileira pode causar perdas mensais de US$ 100 milhões

A suspensão temporária das importações de carne de frango brasileira pela China poderá resultar em perdas superiores a US$ 100 milhões por mês, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

A restrição foi anunciada nesta sexta-feira, 16, pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, após a confirmação de um foco do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.

De acordo com o Mdic, as exportações brasileiras de carnes e miudezas de aves para o mercado chinês somaram US$ 1,288 bilhão ao longo de 2024, o que corresponde a uma média mensal de US$ 128 milhões.

Em valores convertidos para a moeda nacional, os embarques superam R$ 500 milhões por mês. Com a suspensão válida por 60 dias, o total potencial de perdas ultrapassa US$ 200 milhões no período, caso a restrição seja mantida integralmente.

As consequências da medida ocorrem em um momento de crescimento nas vendas brasileiras para o mercado chinês. De janeiro a abril de 2025, o país exportou US$ 455 milhões em carne de frango para a China, um aumento de quase 20% em comparação ao mesmo período de 2024, quando o total foi de US$ 383 milhões.

A decisão das autoridades chinesas foi motivada pelo anúncio do governo brasileiro sobre a identificação de um foco de IAAP em uma granja de aves comerciais em Montenegro (RS). Trata-se do primeiro registro da doença em uma unidade produtiva comercial no país. Até então, os casos registrados estavam limitados a aves silvestres.

O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou o foco na quinta-feira, 15, e informou que as medidas previstas no Plano Nacional de Contingência para Influenza Aviária foram ativadas, incluindo o isolamento da propriedade, eliminação das aves, vigilância sanitária nas áreas próximas e notificação aos parceiros comerciais.

Além da China, outros países também anunciaram restrições à entrada de carne de frango brasileira, com foco nas cargas originárias do Rio Grande do Sul. Japão e Arábia Saudita estão entre os mercados que adotaram medidas semelhantes, segundo apuração da CNN Brasil. Em 2024, o estado exportou aproximadamente R$ 1,3 bilhão em carne de frango, valor que agora poderá ser impactado por novas barreiras sanitárias.

A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e os demais países parceiros do Brasil foram notificados oficialmente sobre o caso, conforme determina o protocolo internacional para doenças aviárias.

O Ministério da Agricultura reiterou que o vírus da IAAP não é transmitido por meio do consumo de carne ou ovos, e que o risco de infecção em humanos é considerado baixo, com maior probabilidade de transmissão em situações de contato direto com aves infectadas.

A cadeia produtiva avícola brasileira mantém operações em diferentes estados, e o foco isolado em Montenegro não compromete, segundo o governo, o status sanitário de outras regiões exportadoras.

No entanto, as restrições impostas por países importadores seguem um padrão preventivo, e muitas vezes afetam o país exportador como um todo, independentemente da extensão do surto.

A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne de frango. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mais de 15% das exportações totais do setor têm como destino o mercado chinês.

A suspensão das compras pode afetar não apenas os exportadores diretamente ligados ao Rio Grande do Sul, mas também operadores logísticos, frigoríficos e produtores de insumos que atendem à demanda externa.

Até o momento, o Ministério da Agricultura não divulgou previsão sobre o levantamento da suspensão por parte da China, nem sobre a possível negociação de medidas regionais para restabelecer os fluxos comerciais. A pasta informou que continuará monitorando a situação e adotando os protocolos necessários para contenção do foco identificado.

O setor produtivo aguarda orientações adicionais do governo federal e acompanha os desdobramentos do caso. A ABPA ainda não se pronunciou oficialmente sobre o impacto das restrições internacionais, mas fontes do setor indicam preocupação com a possível ampliação das suspensões para outros mercados, além de efeitos sobre os contratos de exportação já firmados.

Desde 2023, o Brasil intensificou a vigilância sanitária em aves silvestres e de subsistência, após a identificação de casos de gripe aviária em outros países da América Latina. A presença do vírus em uma granja comercial, no entanto, exige protocolos mais rígidos de controle e resposta, além de maior articulação com parceiros internacionais.

O governo federal reforçou que o plano de contingência continuará em execução e que o caso será tratado com prioridade para preservar a continuidade das exportações brasileiras e a segurança sanitária da produção nacional. A expectativa é de que o episódio seja contido sem registro de novos focos em outras unidades produtivas.

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