
No dia 8 de janeiro de 2023, enquanto bolsonaristas golpistas invadiam os prédios dos Três Poderes em Brasília, o então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, recebeu uma mensagem de Paulo Figueiredo Filho — neto do ex-ditador João Figueiredo, alinhado à extrema-direita e atualmente foragido da Justiça brasileira. A mensagem, enviada às 16h36, dizia: “Estupidez sem tamanho. O presidente Bolsonaro precisa se manifestar contra isso AGORA. Pelo amor de Deus. Eu estou no ar na Jovem Pan.”
Naquele momento, Jair Bolsonaro estava nos Estados Unidos e optou por não se pronunciar publicamente para conter a invasão em curso. Mesmo diante de apelos, como o de Figueiredo, para que falasse ao vivo na rádio Jovem Pan, o ex-presidente permaneceu em silêncio até as 21h17 — quando a invasão já havia sido controlada e o governo federal decretado intervenção na segurança do DF. Em sua rede social, Bolsonaro então afirmou: “Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra.”
Paulo Figueiredo confirmou o contato com Mauro Cid e alegou ter alertado Bolsonaro sobre os riscos do 8 de janeiro, que classificou como uma “armadilha na qual muitos caíram”. Disse ainda que o ex-presidente “felizmente, ouviu o meu conselho” e condenou os atos posteriormente. Figueiredo também criticou as investigações da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República, acusando as instituições de perseguição política.