A Alemanha declarou apoio, nesta quinta-feira, 15, à proposta dos Estados Unidos de elevar a meta de gastos com defesa dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para 5% do Produto Interno Bruto (PIB).
A declaração ocorre em meio à pressão do governo norte-americano para que os aliados reforcem seus investimentos militares com o objetivo de eliminar eventuais vulnerabilidades na aliança.
O novo ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, afirmou que o governo alemão acompanha a iniciativa dos Estados Unidos e a interpreta como uma demonstração do comprometimento de Washington com os princípios da Otan.
“Estamos acompanhando-o (Trump) e vemos isso como um compromisso claro dos Estados Unidos com o Artigo 5 da Otan”, declarou Wadephul, fazendo referência ao dispositivo que trata da defesa coletiva entre os membros da aliança.
Wadephul assumiu o cargo no início da semana anterior, como parte da nova composição do governo liderado por forças conservadoras. Suas declarações foram feitas durante a reunião de ministros das Relações Exteriores da Otan, realizada em Antália, na Turquia. O encontro teve como um dos temas centrais a revisão das metas de investimento em defesa por parte dos países membros.
A meta atual de gastos com defesa da Otan é de 2% do PIB, valor que atualmente é atingido ou superado por 22 dos 32 membros da aliança. A sugestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de mais que dobrar esse percentual tem gerado reações distintas entre os países europeus.
O aumento do orçamento militar vem sendo discutido em função das mudanças no cenário de segurança internacional, principalmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, considerada por diversos países como um fator de instabilidade regional.
Com a aproximação da cúpula da Otan, marcada para ocorrer em seis semanas na cidade de Haia, os países aliados buscam alinhar suas posições para atender às demandas norte-americanas.
A meta de 5% tem como pano de fundo episódios anteriores em que Trump ameaçou retirar os Estados Unidos da Otan ou reduzir o envolvimento do país com os compromissos de defesa coletiva.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, propôs uma divisão da meta de 5%, sugerindo que 3,5% do PIB sejam aplicados diretamente em defesa e outros 1,5% sejam destinados a áreas relacionadas à segurança mais ampla, como infraestrutura e segurança cibernética.
A proposta foi apresentada na reunião como alternativa para ampliar os investimentos sem concentrar exclusivamente os recursos no setor militar tradicional.
Durante a sessão, alguns representantes expressaram resistência à nova meta. Entre os pontos destacados, está a dificuldade de alguns países em atingir 5% do PIB em curto prazo, além de questionamentos sobre a destinação dos recursos.
“A meta para os países membros da Otan deve ser de 5% no futuro. E não estamos falando de nada além de gastos reais com defesa, o que está definido nas regras da Otan”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Estônia, Margus Tsahkna, também presente em Antália.
Já os Estados Unidos adotaram um tom mais moderado por meio do secretário de Estado, Marco Rubio, que evitou declarações mais incisivas sobre a permanência do país na aliança. Ainda assim, Rubio reforçou que Washington espera uma resposta mais firme de seus aliados.
“A Otan tem a oportunidade de se tornar ainda mais forte. A aliança… é tão forte quanto seu elo mais fraco e nós alertamos e nos esforçamos para não ter elos fracos nessa aliança”, disse o secretário aos jornalistas.
A proposta de Trump de elevar a meta para 5% do PIB está inserida em um contexto mais amplo de revisão das prioridades estratégicas da Otan, em especial diante do aumento das tensões geopolíticas no Leste Europeu e da necessidade de garantir a capacidade de resposta militar da aliança.
Representantes de diversos países indicaram que o tema deve continuar sendo debatido nos encontros preparatórios para a cúpula de Haia, com foco na definição de metas realistas e acordadas entre todos os membros.
A divisão entre os países quanto à forma de atingir o novo patamar de investimentos pode gerar impasses nas negociações.
Enquanto alguns defendem que a totalidade dos recursos esteja vinculada diretamente às forças armadas, outros avaliam que investimentos em áreas como defesa cibernética e logística estratégica também devem ser considerados na composição dos 5%.
A próxima cúpula da Otan deverá definir se a meta sugerida pelos Estados Unidos será formalmente adotada, e, em caso afirmativo, quais serão os mecanismos de acompanhamento e fiscalização para garantir que os países cumpram os compromissos assumidos.
A expectativa é que a proposta norte-americana continue sendo tema de negociações nos bastidores da aliança, com impactos diretos na formulação das políticas de defesa dos países membros.
Com informações da Reuters