Um áudio revelado pela Polícia Federal (PF) mostra o agente Wladimir Matos Soares, de 53 anos, mencionando um grupo armado preparado para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e disposto a usar violência extrema, incluindo a frase “matar meio mundo”, caso fosse necessário, conforme informações do G1.
Wladimir, preso por envolvimento na trama golpista de 2022, também criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dizendo que ele “deu para trás” ao não autorizar ações mais duras para impedir a posse do presidente Lula (PT). Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com os investigadores, o bolsonarista “admitiu em mensagem de áudio que integrava uma equipe de operações especiais, pronta para defender o então presidente Jair Bolsonaro, com um poder de fogo elevado para, em suas próprias palavras, ’empurrar quem viesse à frente’.”
As gravações
A perícia da PF encontrou, nos aparelhos do policial federal, gravações nas quais ele afirma que a equipe estava pronta para prender o ministro Alexandre de Moraes e outros membros do STF, desde que Bolsonaro desse o aval para agir.
“A gente tava preparado para isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre de Moraes. Eu ia estar na equipe, ia botar para f** nesse f***, mas não é assim”, disse Wladimir.
Segundo o agente, a operação não aconteceu porque Bolsonaro não deu a ordem esperada. “A gente tava pronto, só que aí o presidente… Esperávamos só o ok do presidente, uma canetada para a gente agir. Só que o presidente deu para trás”, relatou em um dos áudios.
Wladimir revelou ainda a disposição do grupo golpista para atos violentos contra opositores: “A gente ia com muita vontade, ia empurrar meio mundo de gente, pô, matar meio mundo de gente. Não ia estar nem aí.”
Ele também acusou generais do Exército de terem recuado após negociações com o governo Lula. “Os generais foram lá e deram a última forma e disseram que não iam mais apoiar ele. Ou seja, foram… Na realidade, o PT pagou para eles, comprou esses generais”, declarou.
Frustração com Bolsonaro
O policial demonstrou frustração com Bolsonaro por ter perdido a chance de agir com firmeza: “Bolsonaro faltou um pulso para dizer: não tenho general, tenho coronel, vamos com os coronéis que a tropa toda queria. Só os generais que não deixaram”.
Em conversas com outros membros da Polícia Federal, Wladimir expressou preocupação com a fuga do ex-presidente. Ele também comenta sobre a preparação para prender ministros do STF, chegando a receber a confirmação de apoio de um delegado: “Grande Wladimir! Estaremos eu e você.”
Desespero e arrependimento
Wladimir também demonstrou desespero e arrependimento ao ver Lula assumindo a presidência. “Minha vontade era chorar, meu estômago todo embrulhado. A vontade era chorar só”, desabafou.
O bolsonarista ainda projetou consequências negativas para o país, dizendo que “a Amazônia será vendida” e que “os caminhoneiros que tomaram multa vão continuar com suas multas”.
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