A mídia estatal chinesa destacou o que descreveu como o primeiro uso em combate de mísseis hipersônicos fabricados na China, após declarações do governo do Paquistão de que teria utilizado esse tipo de armamento para destruir um sistema de defesa aérea indiano durante confrontos na semana passada.
De acordo com a agência de notícias Xinhua, o ataque paquistanês, realizado com apoio de tecnologia chinesa, teve como alvo um sistema S-400 de fabricação russa, operado pela Índia na região de Adampur, no estado de Punjab. A operação teria sido executada com mísseis CM-400AKG lançados por caças JF-17, ambos de origem chinesa.
O Ministério da Defesa do Paquistão afirmou que o ataque foi realizado com “mísseis hipersônicos lançados do JF-17” e que “munições guiadas de precisão foram usadas para neutralizar o recurso avançado de defesa aérea”. As imagens divulgadas pelas autoridades mostram dois mísseis CM-400AKG empregados na operação.
A ação ocorreu em meio a uma escalada de tensões entre Índia e Paquistão, iniciada após ataques aéreos indianos sobre a Caxemira controlada pelo Paquistão.
Nova Déli alegou estar respondendo a um atentado contra turistas na Caxemira sob administração indiana, ocorrido no mês anterior. O governo paquistanês negou envolvimento no episódio. Após trocas de ataques e confrontos nos dias seguintes, os dois países anunciaram um cessar-fogo no sábado.
O uso do míssil chinês, conforme reportagens da Xinhua e do jornal estatal China Space News, teria sido decisivo para o resultado da ação militar paquistanesa.
Segundo a publicação, a operação representaria um novo estágio na aplicação prática da tecnologia hipersônica, caracterizada pela alta velocidade e capacidade de manobra em meio a sistemas de defesa antiaérea.
A China Space News, ligada à Corporação de Ciência e Indústria Aeroespacial da China (CASIC) e à China Aerospace Science and Technology Corporation, destacou aspectos técnicos do armamento empregado.
O veículo de lançamento e o míssil utilizaram orientação baseada em navegação inercial combinada com sistemas de posicionamento por satélite. Essa tecnologia, de acordo com a publicação, possibilita maior precisão nos alvos e maior dificuldade de interceptação pelos sistemas inimigos.
O relatório também destacou o uso do sistema chamado “man-in-the-loop”, no qual operadores humanos podem ajustar o alvo do míssil em tempo real durante o voo.
Segundo o texto, essa tecnologia é útil para atingir alvos móveis ou identificados taticamente após o lançamento. A publicação menciona ainda que motores mais velozes aumentam a capacidade de penetração contra defesas aéreas, reduzindo o tempo disponível para reação e interceptação.
O sistema S-400 Triumf, que teria sido destruído na operação, é produzido pela empresa russa Almaz-Antey e tem alcance de até 400 quilômetros, podendo atingir alvos aéreos a até 30 quilômetros de altitude.
O equipamento é considerado um dos mais modernos sistemas de defesa aérea em operação no mundo e foi adquirido pela Índia como parte de uma estratégia de modernização militar.
A Xinhua afirmou que analistas militares consultados pela agência avaliam que a destruição do sistema S-400 pode gerar impactos nas capacidades de dissuasão da Índia e na configuração da segurança aérea regional. A Índia não confirmou oficialmente a destruição do sistema, nem comentou publicamente sobre o uso de mísseis hipersônicos por parte do Paquistão.
A operação também colocou em evidência a atuação coordenada de plataformas múltiplas no combate moderno. A mídia chinesa explicou que a ofensiva contou com o apoio de satélites, aeronaves de alerta antecipado e drones para coleta de dados em tempo real.
De acordo com a descrição publicada, a estrutura permitiu que os mísseis fossem lançados de posições ocultas, enquanto a orientação era ajustada por outros elementos do sistema, conferindo maior flexibilidade e segurança à operação.
O China Space News acrescentou que a tecnologia empregada nos mísseis hipersônicos vem sendo integrada a sistemas de menor custo, como lançadores de foguetes e drones.
Tais dispositivos, segundo a publicação, já operam com maior precisão e têm sido utilizados em operações de ataque de longo alcance com o suporte de inteligência artificial, inclusive com capacidade de voar em baixas altitudes para escapar de sistemas de detecção.
O episódio marcou um avanço no uso de armamentos hipersônicos em conflitos regionais e ampliou o debate sobre o equilíbrio de forças no sul da Ásia. Enquanto o Paquistão atribuiu a destruição do S-400 ao uso da nova tecnologia, a Índia manteve silêncio sobre o incidente.
O governo chinês, por sua vez, não emitiu comunicado oficial sobre o envolvimento dos equipamentos de sua fabricação na operação, limitando-se às reportagens publicadas em meios estatais.
A escalada recente entre Índia e Paquistão, que possuem histórico de confrontos armados, reabriu discussões sobre segurança estratégica na região. Ambos os países mantêm forças nucleares e protagonizaram, ao longo das últimas décadas, episódios de confronto direto e ataques por meio de forças regulares e não estatais.
Analistas internacionais acompanham os desdobramentos do uso de mísseis hipersônicos, uma vez que a disseminação desse tipo de armamento pode alterar parâmetros de dissuasão e resposta nos conflitos contemporâneos. O episódio relatado por meios chineses e autoridades paquistanesas coloca esse debate em evidência no atual cenário geopolítico do sul da Ásia.
Com informações da SCMP