No dia 9 de maio, a Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT) – organização ligada ao PSTU – publicou a sua “homenagem” ao Dia da Vitória, ou seja, ao dia em que o nazismo foi derrotado, 80 anos atrás. O título do artigo: O Dia da Vitória e o falso “antifascismo” do regime de Putin.

A matéria, logo no primeiro parágrafo, já começa com um contrassenso: “a vitória sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial se tornou há muito tempo o mito central da ideologia estatal do imperialismo russo”. Incrível como em apenas um período se junte tanta bobagem. A primeira de todas é a afirmação de que a Rússia, um país de economia atrasada como o Brasil, seria imperialista. Outra, é que a derrota do nazismo seria um “mito” de uma “ideologia estatal”.

A afirmação/acusação de que a Rússia é um país imperialista não tem a menor sustentação científica. Basta conhecer os fundamentos básicos da teoria tão bem aprofundada por Lênin, para descobrir que um país de economia atrasada – caso da Rússia – sequer tem credenciais para ser imperialista.

Já a ideia de que a derrota do nazismo seria simplesmente “um mito” e uma “ideologia estatal” é uma calúnia contra o povo russo. Pode-se discordar sobre as interpretações dadas ao fato histórico comprovado de que foram os soviéticos que derrotaram os nazistas. Dizer que isso seria um “mito” ou pura “ideologia”, contudo, é retirar do povo russo o direito de comemorar esse feito.

Na verdade, ao atribuir as comemorações a uma simples manobra ideológica do governo Putin, os pseudo-trotskistas do PSTU estão reafirmando a ideia dos stalinistas de que a derrota do nazismo teria sido obra da burocracia soviética. Para nós, não há um sinal de igualdade entre o governo Putin e a burocracia stalinista, mas para o autor do texto, sim. Seria ruim, portanto, o governo russo comemorar a derrota do nazismo porque isso seria um “mito”.

“No entanto, Putin permanece em silêncio sobre o assunto, tentando usurpar a vitória das outras nações oprimidas até hoje.”

Na mente do autor do texto, Putin seria obrigado a falar de todas as nações que participaram da luta contra o nazismo. Por quê? Não se sabe. Por que não falar isso seria um crime tão grave? Também não se explica. 

“Além disso, oculta o fato de que a expansão nazista começou com o ‘Pacto Stalin-Hitler’ sobre a divisão da Polônia em 1939. E assim eles tentaram iniciar a divisão da Europa entre os dois ditadores”.

É fato que houve o pacto Stálin-Hitler. Seria interessante se o governo russo lembrasse esse pacto, mas o que exatamente Putin tem a ver com o tal pacto? O que isso muda? O autor da matéria parece um coroinha de esquerda, ele aponta todo o mal, ele quer desmascarar todos os pecadores. No entanto, ele sequer explica qual seria exatamente a relevância de tais críticas ao governo Putin.

Logo depois, ele dá um salto e Putin deixa de ser simplesmente o líder de um país “imperialista” para se tornar “o novo pilar contrarrevolucionário do imperialismo mundial”. Um das afirmações mais lunáticas que alguém poderia fazer num artigo. O mundo é dominado pelos governo da Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Japão e Estados Unidos, todos esses são países imperialistas que dominam o mundo, mas por algum motivo misterioso é Putin o “pilar contrarrevolucionário do imperialismo”.

Esse “pilar do imperialismo” está em guerra contra todos os países imperialistas. Nem precisamos entrar no problema político em si, vamos usar apenas a lógica. Vamos considerar que a Rússia seria imperialista, como nos diz o texto, como ela seria o “pilar” desse sistema mundial?

Para levar a sério tal afirmação deveríamos admitir que a Rússia é o país mais poderoso do mundo, portanto, mais do que todos os listados acima. Deveríamos admitir também que a Rússia é mais contrarrevolucionária do que os demais, se a Rússia é esse “pilar contrarrevolucionário” deveríamos considerar que Inglaterra, Alemanha, Itália, França, Japão e EUA são democráticos, só a Rússia que não.

“Ao anunciar o lançamento da ‘Operação Militar Especial’ (SVO), Putin afirmou que seu objetivo era a ‘desnazificação’ da Ucrânia. A mídia russa repete o mantra sobre ‘nazistas’ em Kiev, retratando a Ucrânia como um ‘estado fascista’, mas essa retórica desajeitada não resiste à menor crítica. O regime ucraniano é uma democracia burguesa, onde a extrema direita foi derrotada nas eleições de 2019, e na qual Volodymyr Zelensky, um judeu de língua russa, foi eleito presidente.”

Não apenas os países imperialistas são democráticos, mas o regime de Zelenski também. Não é lindo? O golpe na Ucrânia, em 2014, colocou no poder um governo sustentado por grupos nazistas. Zelenski é, como esse governo pós-golpe, um representante desses grupos e ao mesmo tempo um fantoche do imperialismo. Nem eleições Zelenski chamou, mas ele sim é um “democrata burguês”.

A ideia de que a Rússia seria imperialista é apenas um artifício para disfarçar a política pró-imperialista do PSTU e sua organização internacional. Enquanto o verdadeiro imperialismo ataca a Rússia de todas as formas, impondo inclusive uma ditadura em seus países contra qualquer alusão ao povo russo, o PSTU faz coro com esse imperialismo dito “democrático” para dizer que o governo da Rússia seria uma ditadura.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 14/05/2025