Na última segunda-feira (12) a direção dos Correios divulgou um plano que, a princípio visa economizar R$1,5 bi para – segundo a empresa – contornar um prejuízo de R$2,6 bilhões ocorrido em 2024 e melhorar o fluxo de caixa da empresa. A empresa atribuiu parte da perda à chamada “taxa das blusinhas”, imposto sobre compras internacionais criado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad e que teria impactado negativamente suas receitas. O documento foi divulgado internamente e disponibilizado pela empresa.

Nesse ínterim, cerca de 86 mil trabalhadores serão atingidos diretamente pelas medidas proposta pela direção. Entre as medidas anunciadas está o incentivo à redução de jornada de trabalho e, consequentemente, à redução do salário dos trabalhadores. “Estamos diante de um desafio importante: a necessidade de reduzir despesas”, aponta o texto. Outro trecho da nota diz:

“Conforme divulgado na última sexta-feira (9), foram publicadas as demonstrações contábeis da empresa, referentes ao exercício de 2024, com resultado líquido negativo de R$ 2,6 bilhões. O desempenho é reflexo, principalmente, da queda nas receitas com encomendas internacionais – impactadas por mudanças no mercado – e do aumento nas despesas da empresa, com destaque para precatórios e contingências judiciais.”

Entre as principais mudanças adotadas pela direção dos Correios está a adoção de uma carga horária de 6 horas diárias e 34 horas semanais para trabalhadores administrativos, com corte proporcional de salário. A suspensão temporária de férias, válida a partir de 1º de junho, também está prevista. Os funcionários só poderão usufruir do descanso a partir de janeiro de 2026.

Revisão da estrutura dos Correios Sede: redução de pelo menos 20% do orçamento de funções (redução dos cargos comissionados);

Incentivo à redução da jornada de trabalho: diminuição do horário de trabalho para 6 horas diárias e 34h semanais. Atualmente, são 8h diárias e 44h semanais;

Suspensão temporária de férias: a partir de 1º de junho de 2025, referente ao período aquisitivo deste ano. As férias voltarão a ser usufruídas a partir de janeiro de 2026;

Prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV): até 18 de maio de 2025, mantendo os atuais requisitos de elegibilidade;

Incentivo à transferência, voluntária e temporária, de agente de correios: o pagamento do adicional de atividade será o mais vantajoso para empregados;

Convocação para o retorno ao regime de trabalho presencial: todos os empregados devem retornar ao trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025, com exceção daqueles protegidos por decisão judicial;

Lançamento de novos formatos de planos de saúde: a escolha da rede credenciada será dialogada com as representações sindicais. A economia estimada será de 30%;

O plano se trata claramente de um ataque aos trabalhadores para tentar cobrir o prejuízo sofrido pela empresa em 2024. Diante do anúncio, o descontentamento entre os funcionários foi geral. O sindicato dos trabalhadores dos Correios – FENTECT – através das de suas redes sociais afirmou que “tomará medidas judiciais” para garantir os direitos da categoria, os ecetistas.

“A FENTECT tomará medidas jurídicas imediatas para garantir que esse direito seja preservado para todos os ecetistas. Além disso, no próximo dia 21/05, lançaremos o Comitê em Defesa dos Correios da FENTECT. Esse comitê será composto por representantes sindicais de todo o país e terá como missão mobilizar o Congresso Nacional, buscando uma audiência com o presidente Lula, para que ele conheça a realidade enfrentada pelos trabalhadores e ajude, mais uma vez, a salvar nossa empresa.”

O sindicato também aponta que necessita urgentemente de um plano do Governo Federal de investimentos. Finalizando a nota com a seguinte afirmação: “não aceitaremos retrocessos ou retirada de direitos. Elegemos este governo com a esperança de reconstruir tudo o que foi desmontado nos últimos anos e seguiremos firmes na luta para que isso se concretize”.

Diante do ataque frontal da direção dos Correios, que sob o pretexto de sanar prejuízos impõe redução de jornada com corte salarial, suspensão de férias e outras medidas contra os trabalhadores, é hora de os ecetistas se mobilizarem. A burocracia que comanda a empresa, inimiga da categoria como se comprova, age para transferir o peso da má administração e das políticas econômicas atabalhoadas de Haddad para as costas dos trabalhadores.
A redução da jornada deve vir, porém, ser acompanhada de aumento salarial que compense as perdas inflacionárias e garanta condições dignas de vida, não de arrocho e precarização. A FENTECT e os sindicatos devem organizar assembleias e atos para barrar esse plano patronal, exigindo um plano de investimentos que fortaleça os Correios como empresa pública e preserve os direitos dos trabalhadores.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 14/05/2025