Algumas pessoas se perdem em conceitos rasos, como a defesa da suposta multipolaridade e da globalização, esquecendo o tempo, o espaço e o contexto das lutas de classes em que esses conceitos estão imersos. Estamos no estágio imperialista e neoliberal do capitalismo, em que a mundialização é colocada em prática por meio de uma exploração, espoliação e repressão brutais, promovidas pela burguesia e pelos países imperialistas.

Essa é a realidade na qual os conceitos mencionados acima estão inseridos, e é a serviço desse ordenamento produtivo que tais abstrações são utilizadas e defendidas, diante de um cenário de máximo processo de mercantilização da vida, de profunda exploração do trabalho e de concentração dos meios de realização da vida humana.

Defender a integração dos povos e o estabelecimento de um bloco político contra-hegemônico é algo distinto da defesa desses conceitos abstratos, assim como é extremamente rasa a chamada “defesa da democracia”.

Ou seja, o que ocorre é uma verdadeira confusão: o abandono da defesa do conjunto dos países oprimidos pelo imperialismo e da classe operária enquanto classe internacional em favor de conceitos vagos. Trata-se do abandono de um programa político calcado em categorias históricas, na vida sob seus aspectos transitórios e em constante mutação, para justificar a defesa de uma decadente ordem de coisas que foi responsável pelo atual estágio de dominação e exploração em que nos encontramos, sob o pretexto de que o que está por vir é pior.

Essa confusão impede que nos situemos de maneira correta em meio à crise sistêmica atual, que ganha maiores contornos com a chamada guerra comercial e com a ascensão da extrema direita ao poder político em diversos países do mundo — principalmente nos países imperialistas. Isso acaba por desembocar na defesa do estágio anterior, o que é um completo equívoco, tendo em vista o saldo que ele causou: o agravamento da própria crise.

A ascensão da extrema direita, que provoca toda essa histeria no conjunto da esquerda, é utilizada pelos neoliberais defensores da globalização e da pseudo multipolaridade para justificar a manutenção do status quo, ou seja, de uma estrutura produtiva que nos levou à atual situação de colapso profundo, guerras genocidas etc.

Defender a manutenção dessa ordem é se abraçar ao seu aspecto de impopularidade, que a está corroendo. Esse tipo de postura só pode ser adotado por uma pequena burguesia que não tem a mínima noção da situação de profunda exclusão, exploração e repressão à qual a população, em seu conjunto, está submetida.

A integração e a solidariedade entre as nações oprimidas, assim como a organização dos trabalhadores enquanto classe internacional, devem ocorrer a partir de um ponto de vista estratégico que coloque o sepultamento da globalização neoliberal na ordem do dia, apresentando uma nova perspectiva de ordenamento político e produtivo como única alternativa para superar a ascensão da extrema direita e a intensificação do neoliberalismo.

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Last Update: 14/05/2025