Ontem (12/05), o governo de Tarcísio demoliu as casas de seis famílias de trabalhadores da Favela do Moinho. Isso foi possível porque o terreno é de propriedade da União, e a demolição foi autorizada pelo governo Lula, numa aliança entre prefeitura, governo estadual e federal contra os moradores. Uma traição gritante de Lula contra os trabalhadores do Moinho.
Apesar do ataque dos governos, os moradores resistem. Em resposta à destruição, estão ocorrendo protestos, e ontem os moradores incendiaram os trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), demonstrando uma resistência heroica contra as tentativas do governo estadual e municipal de expulsar as populações mais pobres do centro de São Paulo, em favor das construtoras e dos investidores do setor imobiliário.
Sendo assim, nós do PSTU damos todo apoio à resistência dos trabalhadores do Moinho.
Por que Tarcísio e Nunes querem acabar com o Moinho?
O discurso oficial do governo diz que o Moinho é um lugar perigoso, com presença de criminosos, e que suas moradias não eram adequadas. Assim, justificam a demolição, argumentando que os moradores devem ser relocados.
Porém sabemos que esse discurso e falso. Sabemos que os verdadeiros bandidos são aqueles que estão nos governos, são donos das grandes empresas, andam de jatinho, e tiram férias na Europa.
O verdadeiro objetivo do governo não é segurança, e sim beneficiar o setor imobiliário, que busca lucrar com obras e investimentos na região. Nesse momento o maior projeto do governo envolve mudar a sede do governo estadual, com um investimento de mais de 4 bilhões de reais, destinado a beneficiar grandes construtoras. E para isso precisa expulsar a população do Moinho daquela região.
Esse ataque faz parte de uma estratégia mais ampla de expulsão das populações pobres do centro, com projetos como Nova Luz, entre outros. Comunidades são expulsas para dar lugar a novos empreendimentos imobiliários que vão ser comprados por investidores e fundos de investimento imobiliário. Investidores aproveitam brechas no Plano Diretor para construir moradias perto dos metrôs centrais destinadas ao setor popular que são, na verdade, desviadas para investidores obterem lucros com aluguel por apps como Airbnb. Prédios antigos são adquiridos a preço de banana, reformados e os apartamentos alugados por aplicativo a preços caríssimos, enriquecendo os burgueses do setor imobiliário.
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13 de maio, uma abolição sem reparação que nos afeta até hoje
É emblemático que a demolição das casas do moinho tenha ocorrido um dia antes do dia 13 de maio. Nessa data, em 1888, foi assinada a Lei Áurea, que encerrou o regime de escravidão no Brasil. Essa lei só foi assinada depois de dezenas de anos de luta dos trabalhadores e trabalhadoras negras escravizadas. Porém, as elites da época garantiram que o fim da escravidão fosse realizada sem nenhuma reparação. Aqueles trabalhadores que foram escravizados não tiveram direito a nada, nenhuma indenização, nenhuma reparação. E o pior, as elites evitam contratar trabalhadores negros.
Muitos trabalhadores negros migraram para os centros urbanos como São Paulo para tentar a vida e conseguir emprego e não conseguiam, ou conseguiam trabalhos muitos precários. Com isso eram empurrados a morar nos lugares mais perigosos e sem estrutura. Começam então a surgir as favelas modernas em são Paulo, fruto de um desenvolvimento urbano desordenado e uma abolição da escravidão que não garantiu os direitos para que os trabalhadores escravizados pudessem ter uma vida digna depois de anos de trabalho forçado e violência.
O que fazer?
— Imediatamente, deve ser suspensa a remoção das famílias do Moinho;
— O Estado deve garantir serviços básicos como água, luz e infraestrutura aos moradores;
— Deve expropriar imóveis vazios na região usados para especulação e permitir que os moradores do Moinho decidam como será sua ocupação;
— Quem desejar sair do Moinho deve ter liberdade de escolha, com imóveis garantidos via expropriação ou novas construções;
— Além disso, é fundamental elaborar um novo plano diretor para a cidade, desenvolvido por trabalhadores, urbanistas ligados aos movimentos sociais — e não por especuladores ou construtoras.
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