A Ucrânia recorreu ao Brasil para tentar garantir a presença do presidente russo, Vladimir Putin, em uma reunião histórica com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prevista para esta quinta-feira (15), em Istambul, na Turquia.
O objetivo do encontro é buscar uma solução diplomática para o conflito entre os dois países, que já dura mais de três anos. O pedido foi feito diretamente ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, pelo chanceler ucraniano Andrii Sybiha.
“Reafirmei a prontidão do presidente Zelensky para se encontrar com Putin na Turquia e pedi ao Brasil que use sua voz competente em seu diálogo com a Rússia para que este encontro direto de mais alto nível aconteça”, declarou Sybiha após conversa por telefone com o ministro brasileiro.
A iniciativa ucraniana ocorre após a proposta feita por Putin, no último domingo (11), para a retomada de conversas diretas com a Ucrânia. Zelensky considerou o gesto “um sinal positivo”, mas condicionou o diálogo a um cessar-fogo imediato. No entanto, o Kremlin ainda não confirmou a presença de Putin em Istambul, indicando que representantes poderiam ser enviados no lugar.
A indefinição russa levou Kiev a buscar apoio externo para assegurar a presença de Putin. Caso a reunião se concretize com os dois presidentes frente a frente, será a primeira desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022.
Lula, que tenta desde 2023 se posicionar como mediador do conflito, esteve em Moscou onde pediu pessoalmente a Putin um cessar-fogo estendido, segundo informações do governo brasileiro. A postura do presidente por mais que fosse com intenções positivas, tem sido alvo de críticas por parte de Zelensky.
O líder ucraniano já afirmou que Lula não é mais um “player” nas negociações, dizendo que “o trem do Brasil já passou”. A tensão aumentou depois que Lula declarou que, se Zelensky fosse “esperto”, buscaria uma solução diplomática e não militar para a guerra.
Em outro episódio, o presidente brasileiro se recusou a encontrar o ucraniano em Brasília durante uma escala de Zelensky a caminho da posse de Javier Milei na Argentina.
Enquanto isso, a reunião de quinta-feira na Turquia ainda depende da confirmação de Putin. O desfecho pode representar um passo decisivo – ou uma nova frustração – nos esforços para colocar fim ao maior conflito armado em território europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
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