
O ex-presidente das Filipinas Rodrigo Duterte, conhecido como “Bolsonaro das Filipinas”, foi eleito prefeito de sua cidade natal, Davao, na última segunda-feira (12), mesmo estando preso em Haia, na Holanda.
Duterte, que é acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de crimes contra a humanidade devido às execuções promovidas por seu governo durante uma “campanha antidrogas”, foi detido em março deste ano.
A prisão, porém, não impediu sua candidatura. Com 80% das urnas apuradas em uma contagem não oficial, ele liderava com uma vantagem de oito vezes mais votos que o segundo colocado.
Dois filhos de Duterte também venceram nas urnas: um foi reeleito deputado, e o outro ganhou a disputa para vice-prefeito de Davao. Com a ausência do pai, Sebastian Duterte deve assumir o comando da cidade.
A vice-presidente das Filipinas, Sara Duterte, filha de Rodrigo, também está em maus lençóis. Ela enfrenta um processo de impeachment e, se condenada, pode ser banida da política e perder a chance de disputar a presidência.
Philippines ex-prez Duterte wins mayoral race from Hague JAIL
80yo Rodrigo Duterte still faces life in prison for alleged crimes against humanity linked to his war on drugs that left thousands dead
His son, Sebastian — elected VP-mayor — is expected to serve as acting mayor pic.twitter.com/ctjKdACZoI
— RT (@RT_com) May 12, 2025
Duterte pode se tornar o primeiro ex-chefe de Estado asiático a ser julgado pelo TPI. O ex-presidente nega as acusações e afirma que sua prisão foi ilegal.
O Tribunal Penal Internacional, por sua vez, defende sua jurisdição sobre o caso, argumentando que os crimes investigados ocorreram antes de Duterte retirar as Filipinas do acordo com o TPI, em 2019.
“Bolsonaro das Filipinas”
A prisão de Duterte ocorreu após anos de provocações ao TPI, desde que ele retirou unilateralmente as Filipinas do tratado fundador do tribunal em 2019. A Corte investiga supostos crimes contra a humanidade e alega ter jurisdição sobre crimes ocorridos enquanto o país ainda era membro.
O governo filipino se recusava a cooperar, mas a atual administração mudou de postura em novembro de 2024, sinalizando que cumpriria um eventual mandado de prisão.
Segundo a polícia, 6.200 pessoas foram mortas durante operações antidrogas que teriam terminado em tiroteios durante o governo Duterte. No entanto, ativistas dizem que o verdadeiro número de mortos foi muito maior. O TPI afirma que até 30.000 pessoas podem ter sido assassinadas pela polícia ou por indivíduos não identificados.
A “guerra contra as drogas” foi a principal bandeira de campanha de Duterte em 2016, quando se elegeu como prefeito independente e defensor de uma política de tolerância zero contra o crime. Durante seu mandato, ele cumpriu as promessas de campanha, fazendo discursos inflamados em que ameaçava matar milhares de traficantes de drogas.
Assim como Jair Bolsonaro (PL), Duterte ocupou cargos políticos por décadas e, sem que especialistas, pesquisadores e setores tradicionais da direita previssem, alcançou o cargo mais alto do país com discursos punitivistas e o apoio de uma parcela considerável da população.
A campanha de Duterte foi muito similar à de Bolsonaro e à de Donald Trump. Ele dizia que ONGs e militantes de direitos humanos só se preocupavam com criminosos e não com suas vítimas.
O favorecimento ao capital financeiro internacional, um nacionalismo oportunista e a proximidade com os militares também foram elementos compartilhados pelos dois presidentes. Assim como a tentativa de minimizar os impactos da pandemia da Covid-19 e a falta de insumos na área da saúde.
Conforme o monitoramento da Universidade Johns Hopkins, até o final de outubro de 2019, mais de 378 mil pessoas haviam sido infectadas pelo coronavírus nas Filipinas, com mais de sete mil mortes.
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