O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu a condenação de sete pessoas acusadas pelo incêndio que matou dez atletas das categorias de base do Flamengo, no centro de treinamentos conhecido como Ninho do Urubu, no Rio, em 8 de fevereiro de 2019.
Para o MPRJ, os acusados são responsáveis pelo crime de incêndio culposo. São dois ex-funcionários do Flamengo, que faziam a administração do centro de treinamento; quatro pessoas que atuavam na empresa responsável pelos contêineres usados como alojamento; e uma pessoa contratada para realizar a manutenção dos aparelhos de ar condicionado do local.
O Ministério Público informou ter ouvido mais de 40 testemunhas em três anos. Para a promotoria, o incêndio “poderia e deveria ter sido evitado”. “Os comportamentos dos denunciados contribuíram para a ocorrência do delito que ceifou a vida de dez adolescentes, afastando completamente a percepção sobre o evento como um acidente inevitável ou uma simples fatalidade”, afirma o órgão.
Apesar de onze pessoas terem sido denunciadas originalmente, apenas as sete citadas seguem respondendo pelo caso na Justiça: dois foram retirados do caso por não estarem mais vinculados ao clube na época, um terceiro foi absolvido e um quarto, o ex-presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, foi retirado do processo por ter mais de 70 anos – por conta da idade, o processo contra ele prescreveu.
O incêndio aconteceu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019. Os jovens que morreram tinham entre 14 e 17 anos, e jogavam nas categorias de base do Flamengo. Outros três adolescentes sobreviveram com ferimentos.
As vítimas dormiam em quartos montados em contêineres. As instalações eram provisórias, e estavam sendo usadas enquanto o clube concluía as obras de quartos de alvenaria.
As investigações apontam irregularidades nas instalações elétricas e falta de manutenção preventiva nos aparelhos de ar condicionado. Além disso, as grades instaladas nas janelas impediram a saída dos jovens quando o fogo começou.