
O pastor Valdinei Ferreira foi readmitido na Fatipi (Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil) após ter seu contrato de docente rescindido por causa de um artigo publicado na Folha de S.Paulo.
No artigo intitulado “Judas Traiu Jesus ou Jesus Traiu Judas?”, Ferreira sugere que Judas Iscariotes poderia ter agido a pedido de Jesus. Para embasar sua tese, ele citou o teólogo Jean-Yves Leloup e evangelhos apócrifos, com o objetivo de humanizar a figura de Judas, sem absolver seus atos.

A readmissão de Ferreira foi confirmada por um documento assinado pelo presbítero Heitor Pires Barbosa Junior, presidente da Fundação Eduardo Carlos Pereira, responsável pela Fatipi.
O texto, que se inicia com “Graça e paz!”, informa a “suspensão da sua demissão” com a justificativa de “direito à aposentadoria, no prazo de 18 meses”, já que o pastor estava prestes a se aposentar quando foi excluído da instituição.
A resposta de Ferreira, em uma carta que começa com a saudação “paz e bem”, questiona o motivo de precisar esperar 30 dias para retomar suas atividades docentes, conforme solicitado pela Fatipi.
“Houve da parte deles uma recomendação para que eu não reassumisse [logo] as aulas”, afirma o pastor. “Não concordei por entender que era uma forma de impor um silêncio forçado e também porque, perto do fim do semestre, as minhas turmas seriam prejudicadas pedagogicamente”.
Ferreira retornou à sala de aula na semana passada, após a resolução do caso.
A direção da Fatipi optou por não se pronunciar sobre o assunto. No entanto, a Fundação que mantém a faculdade havia informado, quando Ferreira foi demitido, que publicações feitas “sem a anuência da Fatipi ou da FECP são de responsabilidade exclusiva de seus autores”. Essa declaração se referia ao artigo polêmico que questionava a imagem tradicionalmente vilanesca de Judas.
Para Ferreira, a demissão foi uma consequência óbvia da reação gerada pelo seu artigo. “O artigo sobre Judas teria causado cizânia entre pares evangélicos, fomentando a falsa hipótese de que ele empurrou para Jesus a pecha de traidor, como ‘um herege’”, afirma o pastor. Segundo ele, pressionada, a diretoria da Fatipi teria rompido seu contrato.
Ferreira também já se envolveu em outras polêmicas. Em 2022, durante entrevista ao Globo, comparou o “exibicionismo de armas” à pornografia, gerando reações negativas no meio religioso.
“À luz da ética bíblica, faço a seguinte comparação: o exibicionismo de armas é equivalente à pornografia. Cristãos sempre foram contrários à pornografia. Armas são o exibicionismo da violência, a distorção do uso da força, assim como a pornografia é a distorção da sexualidade”, afirmou.
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