Nesta sexta-feira (8), Eduardo Leite (RS) desfiliou-se do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) para ingressar na agremiação presidida por Gilberto Kassab, o Partido Social Democrático (PSD).
Declarando que: “Trago para o PSD também a minha própria experiência, assim como enxergo um partido construído sobre bases sólidas de diálogo, de respeito e de projeto de país”. Complementando: “Na mesma forma como me proponho a ajudar a construir esse projeto, me proponho e me disponho a liderá-lo, também, se assim for o entendimento, com muita responsabilidade”.
Essa foi a mesma trilha partidária cursada por Raquel Lyra (PE) no mês de março, que comentou a filiação de Leite: “Ele até me ligou ontem, quando eu estava vindo para Caruaru, para dizer que estava chegando”. Acrescentando que: “Continuamos com os mesmos valores e os mesmos propósitos. Fico feliz com a chegada de Eduardo ao PSD, um partido que cresce no Brasil e em Pernambuco”.
Como partido de sustentação da intervenção imperialista no Brasil o PSDB teve um papel central na destruição econômica recente do país promovida por meio de FHC. Sendo o instrumento que realizou as maiores entregas de bens públicos ao capital internacional.
Praticar a política de rapina do imperialismo teve um alto custo ao PSDB, indo de partido central da dominação da situação política brasileira pelo imperialismo a um espantalho sem qualquer apoio popular e sequer capacidade eleitoral, apesar de seu papel. Essa movimentação de Leite aprofundou o esvaziamento do PSDB, restando somente como governador Eduardo Riedel (MS).
30 prefeitos
Essa situação tende à virtual extinção do PSDB no Rio Grande do Sul. O grupo político que Leite representa conta com 30 prefeitos que tendem a acompanhá-lo na movimentação de legendas. Esse número representa quase um terço das prefeituras do estado.
Segundo Raquel Lyra (PSD): “Aqui em Pernambuco já são mais de 60 prefeitos filiados ao nosso partido, todos acreditando em um projeto político que pensa no futuro do estado, e não em cargos ou poder pelo poder.”
A importância desse acontecimento está no fato do Rio Grande do Sul ser um dos últimos redutos de influência do PSDB no Brasil. Mês passado, o vice-prefeito de Erechim, Flávio Tirello (PSDB), ventilou a mudança de Leite, afirmando que os tucanos deveriam seguir o mesmo em revoada.
“É importante salientar que é um movimento coletivo, de todo o PSDB gaúcho e de todas as nossas lideranças. A única brincadeira é que nosso presidente municipal, Wallace Soares, diz que vai ficar só para apagar a luz e fechar a porta. Na hora que fizermos um movimento de saída, faremos todos juntos.” Declarou Tirello em entrevista à Rádio Cultura.
Último governador do PSDB
Embora mais discreto que Leite, Riedel avalia suas opções flertando entre o PSD e o Partido Liberal (PL). Mas a possibilidade de continuidade na sua sigla atual é quase nula, sendo incerto qual será seu destino.
A expectativa do PSDB seria de se reestruturar mediante fusão com o Podemos e posterior federação com Republicanos ou MDB, algo que Baleia Rossi (MDB) já adiantou que as chances são remotas.
Fim do PSDB
O ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) também considera trocar de sigla para disputar o Senado em 2026. Consideração realizada em comum com os três deputados federais e os seis deputados estaduais que seguiram o movimento.
Essa alteração terá grande influência sobre os 45 prefeitos do PSDB no Mato Grosso do Sul. Com maioria nas 79 gestões executivas municipais, a debandada resultaria na extinção da sigla na unidade federativa.
Corte à Riedel
Corre nas coxias que Riedel está sendo amplamente cortejado, desde Kassab, que teria lhe convidado a ingressar no PSD, ao PL que teria lhe feito propostas. Riedel teria uma reunião marcada com dirigentes do PL no dia 21, a expectativa é que o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, participaria do encontro.
Segundo interlocutores próximos a Riedel, o ônus da adesão ao PL estaria na possibilidade de polarização e cisão de base de apoio que conta desde membros do PT a membros do PL. A vinculação direta com o bolsonarismo poderia atrapalhar sua campanha de “moderação e equilíbrio”, dificultando futuras alianças.
Semana passada, um aliado de Riedel, o deputado federal Luciano Amaral, aderiu ao PSD, indicando possibilidades de avanços nessa ação. Outro alvo de Kassab seria o emedebista Paulo Dantas (AL), que já teria demonstrado disposição para a conversão.
Independência da burguesia
É evidente uma política de reorganização da direita e de diversos setores da burguesia no PSD. Uma tentativa de aumentar a sobrevida da dominação dos grupos políticos tradicionais no regime político.
Essa dança das cadeiras e reestruturação da direita demonstra a necessidade para a esquerda e para classe trabalhadora de conjunto de terem uma orientação política independente da burguesia. Sendo esse um dos maiores crimes e flagelos do PT, e demais partidos de colaboração de classes na atualidade.
Seus acordos se configuram num verdadeiro crime, pois ocasionam uma profunda confusão na classe trabalhadora. Leite elegeu-se no Rio Grande do Sul com apoio do PT e de parte da esquerda. Ao mesmo tempo, essa política inviabiliza a mobilização popular, principal arma da esquerda e dos trabalhadores contra a burguesia.