A China foi responsável por 55% da capacidade solar fotovoltaica adicionada globalmente em 2024, consolidando sua posição como principal mercado do setor e contribuindo de forma significativa para as metas internacionais de redução de emissões de carbono.

Os dados constam no relatório Global Market Outlook for Solar Power 2025-2029, publicado pela associação SolarPower Europe durante a feira Intersolar Europe 2025, encerrada na última sexta-feira.

Segundo o relatório, a China instalou 329 gigawatts (GW) de energia solar no ano passado, elevando sua capacidade acumulada para 985 GW.

Com isso, o país asiático lidera o ranking global, seguido por Estados Unidos, Índia e Alemanha. A capacidade solar instalada no mundo ultrapassou a marca de 2 terawatts (TW) ao final de 2024.

“O crescimento da China é uma grande conquista do ponto de vista da descarbonização global”, afirma o relatório. “Seu compromisso abrangente com a energia solar permitiu o rápido desenvolvimento global da tecnologia.”

De acordo com Christophe Lits, analista sênior de mercado da SolarPower Europe e coautor do documento, a influência da China no setor fotovoltaico ultrapassa suas fronteiras.

Em entrevista à agência Xinhua, Lits destacou a relevância das exportações chinesas para o avanço da energia solar em outras regiões. “A maioria dos produtos fotovoltaicos no mercado europeu vem da China, o que possibilitou o forte crescimento do bloco”, disse.

Os países da União Europeia adicionaram cerca de 65 GW de nova capacidade solar em 2024, sendo a Alemanha o maior mercado individual do bloco. Segundo o relatório, quatro Estados-membros da UE estiveram entre os dez países com maior volume de novas instalações no período.

A expansão chinesa não se limita à exportação de equipamentos. O relatório aponta que fabricantes do país estão investindo diretamente na instalação de unidades produtivas em solo europeu.

“Alguns fabricantes chineses estão construindo fábricas na Europa para a produção de modelos fotovoltaicos, inversores e sistemas de armazenamento”, explicou Lits. “Isso representa um nível mais profundo de comprometimento da China em aumentar sua participação na transição energética da Europa.”

O documento também traz projeções para o setor. A expectativa é de que a capacidade fotovoltaica global atinja 7,1 TW até 2030. Se confirmada, essa quantidade corresponderá a aproximadamente 65% da capacidade total de geração de energia renovável no mundo naquele ano.

O relatório da SolarPower Europe destaca ainda o papel central da energia solar no processo de transição energética global, em um momento de aceleração dos investimentos em fontes renováveis.

A entidade observa que o ritmo atual de expansão está alinhado às metas climáticas definidas em acordos multilaterais, desde que mantidos os volumes de instalação e financiamento nos próximos anos.

A publicação da associação industrial europeia ocorre em meio a esforços dos países da União Europeia para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, principalmente após os impactos da crise energética de 2022.

Diversas iniciativas vêm sendo implementadas com o objetivo de acelerar a digitalização da rede elétrica, ampliar a capacidade de armazenamento de energia e diversificar fornecedores de equipamentos.

A China, por sua vez, tem se destacado como principal fornecedora de equipamentos solares em escala global, com domínio em diversas etapas da cadeia de produção, incluindo células, módulos, wafers e silício policristalino. O relatório menciona que esse domínio possibilitou a redução de custos dos sistemas fotovoltaicos, favorecendo a adoção da tecnologia em diferentes regiões.

No cenário europeu, o aumento da capacidade solar registrada em 2024 contribui para a meta do bloco de alcançar 42,5% de energia renovável na matriz até 2030.

A Alemanha, que lidera o grupo em capacidade instalada, pretende atingir neutralidade de carbono até 2045 e tem investido em políticas públicas para estimular a geração distribuída, o uso de telhados solares e a integração de sistemas com baterias.

O relatório também chama a atenção para o papel das parcerias industriais internacionais na viabilização dos objetivos de longo prazo. Os investimentos diretos de empresas chinesas em fábricas e centros de pesquisa na Europa são apontados como parte de uma estratégia mais ampla de consolidação do mercado e integração com as políticas climáticas regionais.

A SolarPower Europe é uma organização com sede em Bruxelas que reúne associações nacionais, fabricantes e prestadores de serviços do setor de energia solar. Seu relatório anual é considerado uma das principais referências para o acompanhamento da evolução do mercado fotovoltaico global.

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Last Update: 10/05/2025