Assentados apresentam com muito orgulho o que produzem nos territórios. Foto: Roberta Quintino

Por Roberta Quintino
Da Página do MST/Equipe de texto da 5ª Feira da Reforma Agrária

Por entre o vai-e-vem de visitantes da 5ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, Gildo Marcolino de Lima, mais conhecido como Toquinho, é agricultor familiar no assentamento 14 de Agosto, no município de Campo Verde (MT) e apresenta com orgulho os sabores e produtos que cultiva.

Sua história com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra começou há um bom tempo, foi em 1994, aos 17 anos, quando ele e outras famílias ocuparam a Fazenda Aliança, que é hoje o mais antigo dos 40 assentamentos do MST no estado.

“Nós somos das primeiras ocupações do MST no Mato Grosso”, conta Toquinho, com orgulho. Ele lembra ainda da sua trajetória e relata que, como ele, famílias Sem Terra e sem perspectiva, encontraram no MST a chance de transformar a própria história.

Naquele período, a gente trabalhava só como assalariado, não tinha nenhuma projeção de vida. O movimento deu essa oportunidade e a gente veio para dentro da terra. Custou, mas a gente ficou e já são 29 anos de assentamento”

Aos 48 anos, ao lado da esposa, dos três filhos e com o apoio de oito companheiros do assentamento, Toquinho coordena o plantio e a produção de farinha e derivados da mandioca. E ele enfatiza com muita força: “tudo com base na agricultura familiar”. 

Com organização coletiva e muito trabalho, outras famílias do assentamento mato grossense produzem doces, conservas, cachaça, melaço, pães, colorau e açafrão. “Tudo que a gente coloca na terra, ela devolve. Planta uma semente, ela dá três, quatro vezes mais. A terra é dignidade”, afirma.

Assentados de todo o Brasil se emocionam com a possibilidade de compartilhar a produção. Foto: Roberta Quintino

Nesta edição da Feira Nacional do MST, Toquinho participa pela primeira vez presencialmente. Em outras edições, já havia enviado os produtos do assentamento, mas agora, ele pôde estar no evento e sentir de perto a potência desse encontro entre culturas e lutas.

“É muito emocionante. A gente vem de um estado onde 70% é dominado pelo agronegócio, que bate forte na agricultura familiar. Mostrar aqui que Mato Grosso também produz comida de verdade, com nossas mãos, é muito importante. Isso fortalece a luta pela terra. E para nós isso é um grande intercâmbio que é fora do comum, ressalta o agricultor.

Ele explica que as vendas dos produtos produzidos no assentamento acontece nas feiras locais e que o território também participa de políticas públicas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que permitem a comercialização para escolas e instituições.

“É um incentivo para o agricultor. A gente entrega farinha, polvilho, banana, alface, colorau. Produtos todos registrados, com licença da Vigilância Sanitária, tudo certinho. Mas a gente também vende para o mercado local, para redes de supermercado. E queremos que essas políticas cresçam, que mais municípios participem”, explica.

Ao falar sobre o MST, Gildo não economiza nas palavras. “Tem gente que acha que o MST é pequeno. Mas olha pra essa feira! Olha pra essa diversidade! O movimento é gigante. E é um dos maiores do Brasil hoje. É cultura, é comida, é jeito de ser. E é dignidade para quem vive da terra”, finaliza. 

* Editado por Mariana Castro

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Last Update: 10/05/2025