
Quem ainda tem dúvidas sobre o que Leão XIV significa como ameaça ao fascismo deve ler essa manchete que está agora (tarde de sexta-feira) na capa do The New York Times:
“Papa americano surge como um potencial contraste a Trump no cenário mundial”
Só a manchete basta. Nem precisa ler o texto. O NYT só repete o que todos dizem desde ontem: o papa será um problema para Trump no mundo todo.
Robert Francis Prevost pode fazer pela democracia e pelas esquerdas o que as democracias e as esquerdas não fazem por elas mesmas há muito tempo.

É assim, por comodidade e imobilismo, que os que deveriam resistir à extrema direita vão terceirizando tarefas. No Brasil, as esquerdas e o que chamam de ‘povo’ esperam que Alexandre de Moraes se encarregue de tudo.
E a eleição do papa revigora expectativas em torno da capacidade da Igreja de assumir atribuições que são da política. Ora, a Igreja cuida dos seus interesses, e não dos interesses das esquerdas.
Mas é a realidade hoje. A incapacidade da política, com todas as suas formas de expressão e representação, acaba por entregar aos outros o que apolítica institucional deveria estar fazendo.
E os outros hoje são o sistema de Justiça – no Brasil e mesmo nos Estados Unidos e na Argentina – e agora de novo a Igreja, com o cenário que se cria com a eleição de Leão XIV.
É como se boa parte das esquerdas dissesse sem pudor: faça por nós, Leão XIV, o que nós não conseguimos fazer por preguiça e déficit de retórica, de compreensão do contexto político e de ação política.
(Só para completar, a segunda chamada, logo abaixo da manchete do NYT, é essa: “Como o papa enfrentará a expansão da direita na igreja dos Estados Unidos”.)
Originalmente publicado no Blog do Moisés Mendes
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