Na última terça-feira (6), a TVGGN exibiu mais uma edição do programa Observatório de Geopolítica, desta vez com foco no Oriente Médio. O debate contou com a participação de pesquisadores que classificaram a ofensiva israelense contra Gaza como um genocídio, motivado por interesses econômicos e estratégicos. Eles apontaram ainda para a existência de uma política deliberada de limpeza étnica.
Os participantes foram unânimes em afirmar que os acontecimentos em Gaza desde 7 de outubro de 2023 — embora com raízes históricas anteriores — configuram, sob diversos aspectos do direito internacional, um genocídio.
“Não somos apenas nós que chegamos a essa conclusão. Diversas organizações internacionais já deixaram claro que o que ocorre na Palestina é, no mínimo, um crime contra a humanidade. Há elementos evidentes de que se trata de um deslocamento forçado da população”, afirmou o pesquisador Robson Kardochi.
Com mais de dez semanas sem a entrada de mantimentos em Gaza, os efeitos de uma “punição coletiva” tornaram-se visíveis. A situação é agravada por uma política de desassistência programada, cujo objetivo seria dificultar o acesso da população a itens básicos de sobrevivência, como alimentos, medicamentos e, de forma crítica, água potável, além de roupas e outros recursos essenciais à vida.
“É uma estratégia de enfraquecimento de toda uma população, e, antes de mais nada, uma estratégia de limpeza étnica”, afirmou o professor Sami El Jundi. “Dificultar o acesso da população a itens básicos é parte central dessa política.”
Para os especialistas, o que se vê em Gaza é o “primeiro genocídio televisionado” da história, transmitido em tempo real para o mundo. “As pessoas assistem como se fosse um reality show, de maneira absolutamente bizarra”, destacou Sami.
Segundo os pesquisadores, o processo genocida conta não apenas com o envolvimento direto do governo de Israel e de uma parcela significativa da sociedade israelense, mas também com apoio financeiro expressivo. Estima-se que, em menos de dois anos de conflito, cerca de 20 bilhões de dólares tenham sido investidos.
Além disso, Kardochi destacou o papel de outras potências na legitimação da ofensiva. Ele afirmou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem se aproveitado de forma pragmática desse apoio internacional.
“O apoio já era evidente durante o governo Biden, que buscava justificar o injustificável. Agora, com o retorno de Donald Trump, que é declaradamente favorável à ofensiva, a retórica genocida ganha ainda mais força. As declarações de Trump sobre a expulsão dos moradores de Gaza apenas reforçam esse discurso de limpeza étnica”, concluiu Kardochi.
Veja a debate completo na íntegra em: