No dia que o governo de Israel anuncia a pretensão de expulsar os palestinos do seu território e de varrer a Faixa de Gaza do mapa, chega também a notícia de que o Papa Francisco, antes de morrer, pediu que o Papamóvel fosse transformado em uma unidade móvel de saúde para atender as crianças palestinas, maiores vítimas de uma guerra de ocupação cruel.

Francisco, para além da morte, faz o gesto de proteger e acolher as meninas e os meninos palestinos nesse momento em que toda a esperança parece que se esvai. O Papa estende a mão para estancar a sangria imposta pelo governo de Benjamin Netanyahu, que já anuncia o plano de ocupação total da Faixa de Gaza.

Ao longo da História recente, a Palestina viu o seu território sendo gradativamente tomado pelas forças israelenses. Agora, a tragédia se acelera e se agrava. Neste momento, milhares de soldados israelenses da reserva estão sendo convocados para reforçar os ataques e expulsar mais de 2,4 milhões de pessoas da própria terra.

Essa política sangrenta ameaça até mesmo a vida dos reféns israelenses sequestrados em 7 de outubro de 2023, pelo grupo Hamas. Para o Fórum de Famílias de Reféns, que reúne parentes dos sequestrados, o governo de Netanyahu “está escolhendo território em vez de reféns, contrariando a vontade de mais de 70% da população israelense”.

A vida parece ter perdido totalmente o valor na Faixa de Gaza.

Em março, Israel rompeu a trégua assinada em janeiro e retomou os bombardeios diários. Ao mesmo tempo, cortou todas as entradas de ajuda humanitária (comida, água, remédios, combustível, óleo de cozinha, etc.) e desconectou a única linha de energia local, usando ostensivamente a fome e a sede como armas de guerra.

Mas os que mais sofrem são os pequenos, as crianças.

O diretor-geral de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) da ONU, Mike Ryan, descreve a situação – “estamos destroçando o corpo e a alma das crianças de Gaza. Estamos matando as crianças de fome. É uma abominação. Se não agirmos, seremos cúmplices do que ocorre diante dos nossos olhos”.

Desde a retomada da ofensiva israelense, em 18 de março, cerca de 500 crianças palestinas foram mortas nos ataques; no total da guerra, mais de 18 mil meninas e meninos de Gaza perderam a vida em ataques israelenses. É incalculável o numero de crianças mutiladas e de órfãos.

Pois é aos pequenos sobreviventes palestinos que Papa Francisco estende a mão, transformando o Papamóvel em uma unidade de saúde, como um símbolo da vida. ´

Com esse gesto, Francisco diz a cada um de nós, diz a toda a humanidade: “Não esqueçam das crianças de Gaza! Façam algo! Não as abandonem!”

Deputado federal Reimont (PT-RJ) é presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara

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Last Update: 08/05/2025