Cardeais reunidos na Capela Sistina para a eleição do futuro Papa, em 2013. Foto: Reprodução

O Vaticano é responsável por organizar o conclave, a cerimônia da eleição do sucessor do Papa Francisco, que morreu no mês passado aos 88 anos. Embora o país não divulgue publicamente o valor total gasto, o Estado italiano, desde os Acordos de Latrão de 1929, assume parte dos custos relacionados à segurança.

Em 2005, a morte do Papa João Paulo II e a eleição de seu sucessor, Bento XVI, causaram um impacto de 7 milhões de euros (aproximadamente R$ 45,4 milhões, na cotação atual) nas finanças do Vaticano, já fragilizadas, conforme relatado pela Santa Sé.

O Vaticano revela suas contas com certa irregularidade, mas o déficit financeiro tem aumentado ao longo dos anos. Após a histórica renúncia de Bento XVI em 2013, a Santa Sé não detalhou o custo do conclave que levou à eleição de Francisco, apenas informando que o déficit registrado naquele ano foi de 24 milhões de euros (R$ 155,7 milhões).

Na época, o então prefeito de Roma, Gianni Alemanno, pediu ajuda ao Estado italiano para cobrir as despesas do conclave. Estimou-se em 4,5 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões, na cotação atual) os custos relacionados ao transporte público, aumento das taxas dos agentes municipais e segurança dos visitantes, tanto dentro do Vaticano quanto na cidade de Roma, mesmo com o Vaticano sendo um Estado independente.

Custos do conclave

A Santa Sé se recusou a comentar os custos do conclave que começa na quarta-feira (7), com o porta-voz Matteo Bruni apenas afirmando que não haverá “patrocínio publicitário”.

O cardeal camerlengo, o americano Kevin Farrell, responsável pelos assuntos do Vaticano desde a morte de Francisco, afirmou que “cuida de tudo” relacionado à organização do conclave.

Entre as despesas, destacam-se os custos com viagens, hospedagem e alimentação dos cardeais e seus assistentes, além da preparação da Capela Sistina para as votações e da Praça de São Pedro para o funeral e a proclamação do novo Papa.

As finanças do Vaticano já estavam em dificuldades antes da morte de Francisco. Embora a Santa Sé divulgue suas contas de forma irregular, ela registrou um déficit de cerca de 30 milhões de euros em 2022 (aproximadamente R$ 194 milhões), frente a receitas de 769 milhões de euros.

Em um esforço para melhorar suas finanças e combater a fraude, o Papa Francisco criou, em 2014, a Secretaria para a Economia, que tem como objetivo gerar entre 20 e 25 milhões de euros anuais com a venda de patrimônio do Vaticano. No entanto, o microestado ainda enfrenta desafios devido à queda nas doações dos fiéis e a investimentos financeiros com retornos incertos.

Além disso, despesas operacionais, especialmente com o aumento do custo do pessoal, têm pressionado suas finanças. A imagem do Vaticano também foi prejudicada por escândalos de peculato, como o envolvendo o cardeal Angelo Becciu, impedido de votar no conclave.

Segurança

Desde os Acordos de Latrão, assinados em 1929 entre o Vaticano e a Itália, a segurança ao redor do Vaticano e na Praça de São Pedro é responsabilidade da polícia italiana, em colaboração com a gendarmaria vaticana. O nome do sucessor de Francisco será anunciado nesta praça ao final do conclave.

O governo italiano, liderado pela ultraconservadora Giorgia Meloni, já fez os preparativos para a segurança do evento. Em 21 de abril, assinou um decreto liberando fundos para mobilizar a proteção civil italiana, que será responsável pela “mobilidade, assistência e recepção” das delegações estrangeiras, até a eleição do novo Papa, em colaboração com a polícia italiana e sob a autoridade do prefeito de Roma.

Primeira fumaça de conclave está prevista para 14h de hoje; saiba os detalhes da votação para eleger o novo Papa
Praça de São Pedro, na véspera do início do conclave, com a Basílica de São Pedro ao fundo, no Vaticano. Foto: Gabriel Bouys/AFP

O custo total para o Estado italiano ainda não foi calculado, mas o ministro da Proteção Civil, Nello Musumeci, afirmou que já foi adotada uma medida inicial para liberar cinco milhões de euros (cerca de R$ 32 milhões). Em 2005, no funeral e no conclave que elegeu Bento XVI, 11.900 agentes de segurança, mil bombeiros e cinco mil funcionários públicos foram mobilizados.

Apesar dos custos, a cidade de Roma e seus estabelecimentos podem se beneficiar economicamente. Durante o funeral de Francisco, os preços para hotéis e acomodações alcançaram níveis “estratosféricos”, com diárias variando de 200 a 2 mil euros por quarto próximo ao Vaticano, comparados a valores mais baixos, entre 170 e 780 euros, no período de turismo comum.

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Last Update: 07/05/2025