O artigo A vergonhosa proposta de perdão aos golpistas do 8 de janeiro, de Jorge Folena, publicada no Brasil 247, demonstra como a esquerda tem servido de linha auxiliar para a instauração de uma ditadura judiciária no Brasil.

A grande imprensa está condenando a manifestação na Praça dos Três Poderes, esse fato, em si, já deveria ligar uma luz de alerta e despertar a desconfiança na esquerda. Em vez disso, lemos que “causa indignação e repulsa a proposta de ‘conciliação nacional”’ defendida até mesmo pelo líder do governo no Congresso, Senador Randolfe Rodrigues, para reduzir as penas para os golpistas do 8 de janeiro de 2023”.

Jorge Folena diz que “se o parlamento (Câmara dos Deputados ou o Senado Federal) tivesse o mínimo de respeito à verdade histórica, seus integrantes não deveriam aceitar nenhuma proposta de discussão de anistia ou perdão para a diminuição de penas em favor dos golpistas, que atacaram as instituições do Estado brasileiro e, sobretudo, a Constituição Federal de 1988, a qual pretendiam, ao final, revogar para implantar uma ordem ditatorial no Brasil”.

Em primeiro lugar, um julgamento deve obedecer à lei, não se firmar em uma confusa “verdade histórica”. Segundo, não é papel da esquerda ficar defendendo as instituições do Estado burguês, pois isso só aumenta a repressão contra a classe trabalhadora, Que benefícios terão os trabalhadores com o fortalecimento de que os reprime em favor de uma classe dominante parasitária?

A Constituição Federal, há muito vem sendo pisoteada pelo próprio Supremo Tribunal Federal, que é justamente quem está implantando uma ordem ditatorial no Brasil.

O articulista sustenta que “os indivíduos que compareceram ao ato de 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, não eram pobres inocentes e conheciam o objetivo daquela manifestação: destituir, pela força, o governo legítimo e democraticamente eleito pela maioria do povo brasileiro”. Isso não corresponde aos fatos, havia todo tipo de pessoas naquela manifestação. Para ter certeza do que afirma, Folena teria que ter acesso aos inquéritos de cada manifestante, mas estes estão sendo condenados por um crime coletivo, o que contraria flagrantemente o Estado democrático de direito. Pior, os julgamentos deveriam ter sido remetidos para a primeira instância. O Supremo não é o foro adequado para julgar o caso.

Folena tenta fazer uma comparação entre a “anistia” que tentam aprovar com a Lei da anistia de 1979 (Lei 6.683). Que, segundo o articulista, “até hoje dificulta a responsabilização dos malfeitos da ditadura de 1964-1985, deixando torturas, assassinatos e desaparecimentos sem qualquer punição efetiva”.

São momentos completamente diferentes. A ditadura militar foi o resultado de um golpe de fato. Esse golpe foi planejado e apoiado pelo imperialismo norte-americano. Se fosse para fazer uma comparação justa, Folena deveria ter se referido a 2016. Naquele momento, planejado e apoiado pelo imperialismo, “com Supremo, com tudo”, Dilma Rousseff foi sacada da presidência da República.

No entanto, falar de 2016 não interessa, pois esses setores da esquerda, que sustentam a tese do golpe, apoiam o STF, peça fundamental do golpe, e também Joe Biden, um dos mentores do golpe de Estado contra o PT.

Jorge Folena, militando contra os manifestantes de 8 de janeiro, apela ao presidente, e que ele “compreenda que esta é a nossa grande luta histórica, da qual ele pode ser o grande líder popular, que jamais será aceito pela classe dominante brasileira”. Mas o próprio Lula foi vítima do STF, passou quase dois anos na cadeia.

Os golpistas, os verdadeiros, estão aí, ditando as leis e pondo em marcha um plano, o de colocar um presidente “da terceira via”, um “nem Bolsonaro, nem Lula”, que fará com o Brasil algo nos moldes do que ocorre na Argentina, onde um fantoche saqueia a população para enriquecer ainda mais o grande capital financeiro, o imperialismo.

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Last Update: 07/05/2025