O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza lançou, nesta segunda-feira (5), a Campanha Global de Solidariedade pelas Crianças de Gaza, alertando para uma estatística devastadora: uma criança é assassinada a cada 40 minutos como resultado direto da ofensiva militar de “Israel” sobre o território palestino.
A denúncia foi feita durante uma coletiva de imprensa realizada no Complexo Médico Nasser, diante do edifício Tahrir, com a presença de profissionais da saúde, representantes de organizações humanitárias e jornalistas. O ministério informou que já são 16.278 crianças assassinadas, incluindo 311 recém-nascidos, desde o início da agressão. A campanha exige a atuação imediata da comunidade internacional diante da situação, classificada como um genocídio em andamento.
Durante o evento, as autoridades enfatizaram que não se trata de uma campanha simbólica, mas de um apelo direto a governos, organizações não governamentais e instituições internacionais: “salvar as crianças de Gaza não é uma opção, é um imperativo urgente, moral e humanitário”.
A ofensiva de “Israel” se sustenta sobre o bloqueio completo da Faixa de Gaza, que já dura mais de dois meses, com fechamento das passagens fronteiriças, interrupção no fornecimento de água e impedimento da entrada de alimentos, medicamentos e combustível. Segundo o ministério, 51% dos medicamentos essenciais para mães e crianças estão indisponíveis, incluindo vacinas e suplementos nutricionais. A vacinação contra poliomielite está suspensa. A fome já matou 57 crianças e o número cresce diariamente.
Ainda segundo a pasta, a destruição deliberada de centros de saúde primários tornou o atendimento a mulheres grávidas e crianças praticamente impossível. Além disso, vários ataques atingiram diretamente cozinhas comunitárias e pontos de distribuição de alimentos, assassinando menores enquanto tentavam receber porções de comida.
A situação dramática foi novamente evidenciada nesta terça-feira (6), com o massacre promovido por “Israel” contra um abrigo de deslocados no campo de refugiados de Al-Bureij, na região central de Gaza. Ao menos 18 palestinos foram assassinados e dezenas ficaram feridos após o bombardeio da escola que servia de refúgio. A maioria das vítimas é de mulheres e crianças. Muitos corpos seguem sob os escombros, segundo informaram fontes hospitalares.
Diante do crime, o Hamas divulgou nota oficial afirmando:
“Em um novo crime que se soma ao histórico sombrio da ocupação sionista criminosa, o exército inimigo cometeu um massacre hediondo ao bombardear uma escola que abrigava deslocados no campo de Al-Bureij. O ataque resultou na morte de 18 mártires e dezenas de feridos, a maioria mulheres e crianças, alguns dos quais ainda estão sob os escombros. Essa cena sangrenta e chocante reflete a brutalidade da ocupação e sua tendência criminosa contínua.”
O movimento ainda denunciou:
“O ataque deliberado contra civis indefesos em locais de abrigo e refúgio, em condições humanitárias extremas, revela a insistência da ocupação em perpetrar massacres em massa, como parte de uma guerra sistemática de extermínio contra nosso povo em Gaza.”
A nota termina com um apelo à comunidade internacional, à ONU e a todas as organizações de direitos humanos para que rompam o silêncio, interrompam a guerra, abram as fronteiras para a entrada de medicamentos e alimentos e salvem o que resta de vida na Faixa de Gaza.
Enquanto isso, em outras regiões de Gaza, os bombardeios continuam. Em Deir al-Balah, dois palestinos foram assassinados em um ataque a uma residência e outros dois foram mortos por drones sionistas no bairro de Al-Ma’sakar. Ao mesmo tempo, os hospitais relatam sobrecarga extrema, escassez de insumos e dificuldades para resgatar os corpos das vítimas sob o bombardeio contínuo.
A situação atinge também a rotina da população civil. Com a proibição da circulação de veículos nas principais vias, como a rua Salah al-Din, muitos habitantes recorrem a tuk-tuks e carroças para buscar comida. O motorista Majeed Dabbour, em entrevista à agência Anadolu, relatou: “qualquer carro que se mova é alvejado pelo exército israelense. Temos que arriscar a vida para buscar farinha para nossos filhos que estão famintos”.
Dabbour ainda alertou sobre o risco da contaminação dos poucos alimentos disponíveis no norte de Gaza: “muitas vezes, a farinha que chega está estragada e não é segura para o consumo”.