O ministro da Defesa, José Múcio, segurando papel, com expressão brava, olhando "de rabo de olho"
O ministro da Defesa, José Múcio – Reprodução/Agência Brasil

O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou nesta segunda-feira (5) que está disposto a testemunhar no julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal), caso seja convocado. A declaração foi dada após um almoço com empresários do grupo Lide, em São Paulo. “Tudo oficial, à luz do dia. Ninguém pode me chamar para segredo nenhum porque eu conto. Então sou salvo por isso”, disse Múcio. Com informações do UOL.

A fala acontece após o nome do ministro ser citado pela defesa do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, um dos denunciados no inquérito sobre os atos antidemocráticos.

A equipe de Múcio informou que ele manteve contato com Nogueira apenas durante a transição de governo, entre o fim de 2022 e o início de 2023. A defesa de Nogueira declarou ao STF que ele estava alinhado com o então comandante do Exército e mencionou Múcio como possível testemunha no processo.

Múcio relembra encontro com Bolsonaro durante transição de governo

O ministro da Defesa também recordou ter procurado Jair Bolsonaro (PL) em dezembro de 2022. Ele afirmou que, como não foi recebido pelos comandantes das Forças Armadas, decidiu buscar diálogo direto com o então presidente. “O Bolsonaro foi meu liderado há 20 anos. […] Os comandantes não querem me receber, então eu vou procurar o presidente da República”, disse Múcio.

Segundo a assessoria do ministro, ele ainda não foi notificado oficialmente para depor como testemunha no inquérito.

STF avalia amanhã denúncia contra o núcleo 4 da trama golpista

O Supremo Tribunal Federal decide nesta terça-feira (6) se tornará réus os integrantes do chamado núcleo 4 da trama golpista. O grupo é acusado de promover desinformação, propagar fake news sobre o processo eleitoral e realizar ataques virtuais a instituições públicas e autoridades. Caso a denúncia seja aceita pela maioria da Primeira Turma do STF, os acusados responderão a uma ação penal.

Entre os integrantes do núcleo estão cinco militares: Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército), Ângelo Martins Denicoli (major da reserva), Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente), Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel) e Reginaldo Vieira de Abreu (coronel).

Completam o grupo o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal e engenheiro responsável por um documento que questionava o sistema eleitoral brasileiro, contratado pelo PL.

ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, de terno e gravata, com expressão brava, falando e apontando pra frente, sem olhar para a câmera
O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira – Reprodução/Agência Brasil

Ministro defende elucidação dos fatos e critica participação de militares

José Múcio demonstrou preocupação com os impactos das investigações sobre os atos golpistas no ambiente institucional. Em tom conciliador, afirmou esperar que “tudo isso passe” e que o país retome a normalidade: “Nós torcemos para que tudo isso passe para que nós possamos voltar ao nosso sentimento de normalidade e possamos trabalhar sem a nuvem da suspeição que atinge muitos, mas pela qual só alguns poucos são os responsáveis”.

O ministro também comentou o projeto de lei que prevê anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. “O projeto de anistia é uma decisão de um poder, que é o Legislativo. Nós respeitamos. O que a Justiça decidir, o que o Legislativo decidir, nós respeitamos”, afirmou.

Sobre o envolvimento de militares na trama golpista, Múcio foi enfático: “Lastimamos, lamentamos”. E completou: “Quando um militar tem um colega seu sendo indiciado, o primeiro sentimento é de constrangimento. […] O segundo sentimento, quando há comprovação, é de indignação, porque eles comprometeram uma imagem de uma instituição que sabe que tem que ser preservada”.

Ele ainda reforçou a importância da verdade para preservar a imagem das Forças Armadas: “Interessa mais a eles [militares], por conta de seus conceitos, porque há muitos que querem somente a verdade, para poder separar o joio do trigo, para saber quem comprometeu o nome das instituições”.

Reconhecimento aos atuais comandantes das Forças Armadas

Durante o evento, Múcio elogiou os atuais comandantes militares, destacando sua postura em um contexto de forte polarização política. “Em um período de muita polarização, de muita ideologização, bandas, lados, cada um querendo ter razão e ninguém procurando a verdade, devemos a esses homens. Hoje nós precisamos creditar a eles, às três Forças, o que nós somos. A preocupação é absoluta com o país”, declarou.

Estavam presentes o brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Força Aérea Brasileira; o general Richard Nunes, representante do comandante do Exército; e o almirante Marcos Oslen, comandante da Marinha.

Por fim, o ministro reforçou a necessidade de apuração completa: “Às Forças, interessava que fosse elucidado tudo aquilo. Havia o constrangimento de ver amigos de décadas nas raias da suspeição, havia indignação quando as coisas eram verdadeiramente detectadas, mas o pior sentimento é ver que a nuvem de suspeição pairava sobre todos eles”.

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Last Update: 06/05/2025