O Fórum pela Paz contra a Guerra, realizado em Tânger, Marrocos, terminou ontem (4) com grande sucesso e foi um importante êxito político. Para além dos debates relevantes realizados, diversas reuniões e articulações resultaram na resolução aprovada por mais de 60 participantes, provenientes de 27 países e dezenas de organizações.
A declaração final, assim como o próprio fórum, teve como eixo central o apoio à luta do povo palestino contra o genocídio, em defesa da resistência e da luta armada. Em meio à rebelião e à revolução palestina, os posicionamentos expressam uma perspectiva e uma tendência significativas na atual conjuntura política.
O fórum também reafirmou seu apoio à Rússia na guerra contra a OTAN, que utiliza a Ucrânia como bucha de canhão em um conflito promovido pelos setores mais poderosos do imperialismo, representados principalmente pelos países imperialistas da Europa.
O encontro se posicionou com clareza, em contraste com boa parte da esquerda parlamentar pequeno-burguesa internacional, ao declarar apoio à revolução e à luta do povo venezuelano contra o embargo. Nesse mesmo sentido, manifestou solidariedade a Cuba, à Nicarágua, ao Irã e aos demais países que hoje enfrentam o cerco imperialista.
Tanto nos debates quanto no documento final, destacou-se o entendimento de que o papel das organizações de esquerda e progressistas não deve ser o de se alinhar a um setor do imperialismo contra outro, mas sim o de apontar o caminho da mobilização em defesa dos direitos democráticos da população, da luta dos povos oprimidos e da paz concreta.
Nesse sentido, as resoluções aprovadas representam um passo importante, que precisa ser concretizado em ações práticas, conforme foi destacado nos debates. Essas ações serão discutidas pelas organizações que integram o fórum no próximo período. Discutiu-se, inclusive, a realização de um debate específico sobre o papel e a importância de uma internacional antifascista.
São diversos os aspectos que revelam um avanço político relevante do fórum realizado em Tânger.
Confira, abaixo, a declaração final aprovada no fórum, conforme tradução do Diário Causa Operária (DCO):
Declaração Final – Iniciativa Internacional pela Paz – Tânger 2025
5 de maio de 2025
Sob o tema “Construindo uma Frente Internacional pela Paz”
A Conferência Internacional pela Paz, organizada pelo Bureau Político do Partido do Progresso e do Socialismo em parceria com a Iniciativa Internacional pela Paz, contou com a participação de 60 representantes de partidos comunistas, progressistas, democráticos e de resistência de 27 países da Europa, África, Ásia, América e América Latina.
A Conferência foi organizada no contexto de incansáveis esforços de solidariedade e mobilização em apoio à justa causa palestina — como prioridade — e a todas as causas justas dos povos que sofrem, de diferentes formas, as consequências, a hegemonia e os avanços do brutal imperialismo.
Durante os três dias do simpósio internacional pela paz, realizado entre os dias 2 e 4 de maio em Tânger, foram debatidas, ao longo de oito sessões, as questões mais atuais e cruciais do mundo contemporâneo. O evento ocorreu num contexto internacional difícil e complexo, marcado especialmente pela intensificação da agressão contra diversos países e povos do mundo, em diferentes formas, com destaque para a Palestina, onde o povo palestino indefeso está sendo alvo de uma verdadeira guerra de extermínio, caracterizada sobretudo por métodos de deslocamento forçado, fome e limpeza étnica, que a brutal entidade sionista continua a perpetrar, com o apoio das forças do colonialismo e da hegemonia mundial, em total desprezo pelas mais básicas normas do direito internacional e do direito internacional humanitário.
O objetivo central deste simpósio, especialmente neste momento crítico da história da humanidade, é construir uma aliança internacional contra a guerra, o colonialismo e todas as formas de agressão à soberania dos povos e de pilhagem de seus recursos. Uma aliança internacional que apoie a paz, a justiça e a equidade. Nesse sentido, os partidos e organizações reunidos nesta frente internacional pela paz declaram o seguinte:
- Expressam sua profunda gratidão à liderança do Partido Marroquino do Progresso e do Socialismo pela excelente organização e generosa recepção neste simpósio internacional;
- Reivindicam a construção da paz mundial com base nos princípios da justiça, da equidade, do respeito aos direitos humanos e à vontade dos povos;
- Declararam sua total e absoluta solidariedade com o povo palestino contra a guerra de genocídio e limpeza étnica à qual está submetido pelas mãos da máquina sionista de morte e destruição, respaldada pelo imperialismo mundial;
- Enfatizam o caráter racista e brutal da ideologia sionista, em contradição com todas as leis e crenças religiosas, inclusive o judaísmo;
- Convocam todos os povos livres do mundo a se unirem e se solidarizarem com o povo palestino, apoiando sua resistência heroica e firmeza lendária por todos os meios disponíveis;
- Apelam à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) para que inicie um diálogo nacional palestino abrangente, envolvendo todas as facções palestinas, com o objetivo de construir um discurso palestino unificado que contribua, ao lado de outros esforços árabes e internacionais, para interromper a guerra de genocídio e deslocamento na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Também responsabilizam integralmente a entidade sionista pela guerra em Gaza e rejeitam seus esforços, juntamente com os Estados Unidos, para rotular a resistência como terrorismo e excluí-la do tecido nacional palestino;
- Rejeitam a ampliação da guerra na Europa e o conflito entre Rússia e Ucrânia, e apelam por seu fim por meios políticos que garantam os direitos e o futuro dos povos;
- Condenam a expansão da OTAN e suas tentativas de estender seu controle sobre áreas da Europa Oriental, bem como suas ameaças de guerra contra a Federação Russa;
- Condenam o plano belicista de rearmamento da União Europeia e sua obstrução a todos os esforços de paz e de encerramento da guerra entre Rússia e Ucrânia.