Filha de um poeta árabe, Asma Rizq Tubi cresceu com muitas influências da literatura clássica. Desde muito jovem, demonstrava afinidade com a poesia, sendo educada por seu pai nas mu‘allaqat, as célebres odes pré-islâmicas, e nas regras de métrica e declamação da língua árabe. Com o tempo, esse interesse pela cultura e pela língua transformou-se em vocação literária.

Após cursar a Escola Inglesa de Nazaré, dedicou-se ao estudo autodidata de línguas como inglês e grego. Casou-se com Ilyas Niqula Tubi e se mudou para Acre, onde aprofundou seus conhecimentos em árabe clássico, inclusive estudando o Alcorão. Sua formação não era voltada a uma carreira individual, mas à missão que assumiria como educadora, organizadora e militante da resistência palestina.

Na década de 1920, quando o teatro árabe na Palestina passava por um renascimento, Tubi participou do movimento. Com apenas 20 anos, escreveu A Execução do Czar Russo e de Sua Família, peça em cinco atos inspirada na Revolução Russa publicada em 1925 em Acre, que foi muito bem recebida. Posteriormente, escreveu outras peças como As Origens da Árvore de Natal, Paciência e Libertação, Mulheres e Segredos, Mártir da Lealdade, Olho por Olho e O Jogo. Suas obras eram frequentemente encenadas em teatros públicos e escolares.

Atuação na luta nacional

A vida de Asma Tubi passou a ser diretamente ligada à luta contra a ocupação após a Revolta de al-Buraq, em 1929. Na esteira da mobilização geral, surgiram em diversas cidades os Comitês das Mulheres Árabes, nos quais Tubi se destacou desde o início. Ela participou da fundação do Comitê de Mulheres em Acre e, a partir da Grande Revolta Árabe de 1936 a 1939, tornou-se peça fundamental na organização de apoio logístico aos combatentes.

Tubi liderava iniciativas práticas: organizava a coleta de dinheiro para a resistência armada, coordenava treinamento de enfermeiras e hospitais de campanha, visitava feridos e cuidava das famílias dos mártires. A ocupação britânica e a escalada da colonização sionista fizeram com que sua atuação ganhasse ainda mais destaque. Em 1937, quando a revolta contra o plano de partilha crescia, Tubi organizou e liderou manifestações de rua, redigiu proclamações e tornou-se referência de firmeza e nacionalismo entre os militantes.

Jornalismo e radiodifusão

Paralelamente à sua militância, Tubi foi uma das primeiras locutoras da Rádio Palestina, fundada em 1936 e conhecida pela frase de abertura Aqui é Jerusalém. Ela apresentava um programa semanal voltado para as mulheres, no qual abordava temas da vida cotidiana e da educação dos filhos à luz de valores morais e patrióticos. Em uma de suas transmissões mais conhecidas, À Mãe Árabe, defendeu três princípios fundamentais: a verdade, o senso de dever e a honra.

Com o surgimento da Rádio do Oriente Próximo, em Jafa, Tubi também passou a transmitir suas mensagens por essa via. Além do rádio, escrevia para o jornal Filastin, onde coordenava a página voltada às mulheres. Ao contrário das propostas identitárias e moralistas que caracterizam setores pequeno-burgueses, seu trabalho partia da realidade da luta nacional, incorporando as mulheres como parte da resistência.

Exílio e continuidade da militância

Com a invasão sionista em 1948 e a Nakba, Tubi foi expulsa de Acre e exilou-se em Beirute, onde continuou sua atuação. Passou a escrever para publicações libanesas como al-Hayat, Kull Shay’, al-Ahad e Dunia al-Mar’a, tratando de temas que iam da questão palestina à vida dos refugiados e às necessidades sociais da população árabe.

Nos anos 1960, iniciou aquele que seria seu projeto mais conhecido: o livro Abir wa majd (Perfume e Glória), publicado em 1966. A obra consiste em uma série de entrevistas e relatos de mulheres palestinas de diversas origens, organizadas por Tubi como um registro da resistência popular. Ainda que o tema central fosse a mulher, o foco da autora permanecia o povo palestino.

Publicou ainda uma coletânea de poesias, Hubbi al-kabir, em 1972. Embora tivesse profundo domínio do verso moderno e do verso livre, limitou-se a esta única obra poética, preferindo investir seus esforços em traduções e compilações de relatos reais, como os reunidos na obra al-Dunia hikayat, publicada em 1973.

Em reconhecimento ao seu trabalho cultural e político, recebeu a Medalha Grand Constantine, classe oficial, uma das primeiras mulheres no mundo a ser agraciada com essa distinção. Após sua morte em 1983, em Beirute, foi homenageada postumamente pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) com a Medalha de Jerusalém para Cultura, Artes e Literatura, em 1990.

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Last Update: 06/05/2025