Nesta segunda-feira (5), o jornal britânico The Financial Times (FT), um dos principais porta-vozes da burguesia imperialista, publicou artigo em que reconhece que “Israel” vem realizando contra a Cisjordânia a mesma política genocida que contra Gaza, embora em escala menor.
Sendo obrigado a expor as declarações falsas das forças israelenses de ocupação, que emitiu relatório afirmando que “[A força aérea israelense] atacou uma célula terrorista na área de Tammun”, informou que “na realidade, o ataque de drones na cidade montanhosa ao norte da Cisjordânia ocupada matou três primos palestinos, de 8, 10 e 23 anos, que se reuniam na rua inclinada a poucos metros da porta da frente de Iman Bisharat”.
O jornal segue descrevendo o ocorrido, relatando que “quando Bisharat correu para fora, momentos depois, deparou-se com uma cena de horror total. O corpo de seu filho Hamza estava crivado de estilhaços. A cabeça de seu primo Reda havia sido aberta e parte de seu cérebro estava se espalhando. O primo em terceiro grau, Adam, deu seus últimos suspiros nos braços dela”.
Em 21 de janeiro de 2025, as forças israelenses de ocupação lançaram ofensiva contra a Cisjordânia, para tentar compensar pela derrota sofrida em Gaza, imposta pelo Hamas e que resultou no último cessar-fogo. A ofensiva contra a Cisjordânia configurou não apenas uma intensificação dos ataques que já vinham sendo realizados, mas uma mudança qualitativa, com “Israel” passando a atacar a região com as mesmas táticas utilizadas na guerra genocida contra Gaza, embora em menor escala.
Nesse sentido, o FT informa que a entidade sionista “tem cada vez mais utilizado táticas e armamentos que tem usado frequentemente em Gaza, mas que não são vistos na Cisjordânia há anos — levando os órgãos de defesa dos direitos humanos e grupos de ajuda humanitária a alertar sobre uma ‘gazificação’ das operações israelenses no território”.
O jornal noticia também que “após uma pausa de 17 anos, os militares retomaram os ataques aéreos na Cisjordânia, realizando dezenas de ataques com drones, mas também com helicópteros de ataque e — em pelo menos um caso — com um caça”, acrescentando que tanques foram mobilizados para lá “pela primeira vez em mais de 20 anos”, especialmente contra os “campos de refugiados em Jenin, Tulcarém e Nur Shams”.
A nova ofensiva sionista contra a Cisjordânia já resultou no assassinato de pelo menos 40 palestinos, considerando apenas Jenin. Conforme relatório recente do Comitê de Imprensa no Campo de Jenin, há “destruição sistemática da infraestrutura com o objetivo de alterar o caráter do campo. A presença militar foi fortemente reforçada, com aumento do envio de infantaria, incursões e prisões (incluindo dois homens em Al-Yamoun). Ontem, moradores de dois prédios de apartamentos foram evacuados à força, e os prédios foram convertidos em instalações militares”, de forma que mais de 22 mil palestinos foram expulsos de Jenin e arredores. O Comitê ainda informa que foram destruídas cerca de 600 casas, centenas outras danificadas, o que resultou num prejuízo que ultrapassa 300 milhões de dólares.
No mesmo sentido, o FT é obrigado a noticiar a realidade da campanha genocida contra a Cisjordânia: “os números de vítimas são apenas parte da história. A operação israelense também destruiu infraestrutura, com forças destruindo estradas e demolindo casas, e desalojou dezenas de milhares de pessoas. E foi acompanhada por restrições abrangentes à circulação e uma pressão econômica sufocante que alteraram a vida cotidiana dos 3,3 milhões de palestinos da Cisjordânia”.
Citando Eitan Diamond, gerente e especialista jurídico sênior do Centro Internacional de Direito Humanitário Diakonia, em Jerusalém, o jornal informa ainda que “Israel agora recorre rotineiramente ao uso de táticas e armas desenvolvidas para o combate, incluindo o uso de ataques aéreos e tanques”. Ele acrescenta que “ataques aéreos e essa prática de deslocar comunidades inteiras e destruir a infraestrutura da qual elas dependem — os campos de refugiados, as estradas — são proibidos em operações policiais em territórios ocupados”, situação que leva até mesmo a ONU, uma organização imperialista, a reconhecer que “Israel” demonstra “um desrespeito alarmante pelas vidas palestinas” e realiza “assassinatos ilegais” no território, argumentando que suas ações não poderiam ser justificadas pelo arcabouço legal aplicável.
No último dia 1º, o Hamas, principal partido palestino e líder da resistência, publicou declaração denunciado a ofensiva genocida contra a Cisjordânia. O partido informou que “as crescentes demolições realizadas pelas forças de ocupação nas províncias da Cisjordânia — particularmente concentradas em Jenin e Tulcarém — juntamente com novas ordens de demolição visando mais de 100 edifícios nos campos de refugiados de Tulcarém e Nour Shams, fazem parte do esquema contínuo da ocupação que visa a anexação, o deslocamento forçado e a repressão brutal, bem como a alteração da identidade das áreas do norte da Cisjordânia em favor da expansão dos assentamentos”, e que “essas violações selvagens contra a Cisjordânia, coincidindo com o genocídio em andamento na Faixa de Gaza, exigem ação urgente de todas as pessoas livres do mundo para pôr fim a esses crimes e responsabilizar o governo de ocupação terrorista por seus crimes e suas flagrantes violações de todas as leis e convenções internacionais”.
O Hamas finalizou sua declaração chamando “nosso povo na Cisjordânia a se unir em prol da resistência abrangente em defesa de nossa terra, dignidade e direitos nacionais inalienáveis. A firmeza e a resistência valente de nosso povo são a garantia de frustrar todos os planos da ocupação — que jamais garantirão uma presença duradoura em nossa terra, por mais avassaladoras que sejam suas agressões e criminalidades”.