Um artigo publicado na revista militar chinesa Shipborne Weapons afirma que o caça de sexta geração atualmente em desenvolvimento pela China poderá, em um eventual conflito envolvendo Taiwan, bloquear o espaço aéreo de bases estrangeiras localizadas em Guam por até duas horas a uma distância de 1.000 km.

Segundo a publicação, a aeronave é projetada como resposta às limitações do Exército de Libertação Popular (ELP) diante do bombardeiro norte-americano B-21 Raider, em um cenário de confronto dentro da chamada primeira cadeia de ilhas.

O caça, apelidado extraoficialmente de J-36 e com design comparado ao formato de uma folha de ginkgo, está sendo desenvolvido pela Chengdu Aircraft Industry Corporation. A revista é controlada pela China Shipbuilding Industry Corporation, empresa estatal responsável por parte da indústria de defesa do país.

De acordo com a análise publicada na edição de março, uma vez em operação, o J-36 deverá ser capaz de interceptar aeronaves norte-americanas tentando penetrar a primeira cadeia de ilhas, além de suprimir sistemas de defesa aérea em Guam, mantendo o bloqueio aéreo da região por até duas horas.

“Isso tornará difícil para a Marinha e a Força Aérea dos EUA manterem a superioridade aérea sobre o Pacífico Ocidental e intervir militarmente em uma série de operações dos militares chineses dentro da primeira cadeia de ilhas”, afirmou o artigo.

A avaliação militar sugere que, em caso de guerra por Taiwan, as forças aéreas da China e dos Estados Unidos concentrariam esforços para controlar o espaço aéreo em um raio de aproximadamente 1.000 km da costa chinesa.

O texto também observa que o J-36 vem sendo flagrado em frequentes voos de teste nas imediações da base de sua fabricante, indicando progressos no desenvolvimento do programa.

Os Estados Unidos também anunciaram, em março, seu próprio caça de sexta geração, denominado F-47, mas ainda não divulgaram detalhes técnicos sobre o projeto. Por outro lado, o B-21 Raider, descrito pela fabricante Northrop Grumman como o primeiro bombardeiro stealth de sexta geração, teve seu voo inaugural em novembro de 2023.

A empresa declarou que a produção está “à frente do cronograma e dentro do orçamento”, com planos de entregar pelo menos 100 unidades à Força Aérea norte-americana até meados da década de 2020.

A publicação militar chinesa reconheceu que o B-21 representa uma ameaça significativa, alegando que os atuais caças furtivos chineses J-20, de quinta geração, não seriam suficientes para neutralizá-lo.

O bombardeiro dos Estados Unidos é apontado como possuidor de recursos avançados de furtividade omnidirecional, grande capacidade de armamento, alcance de até 8.000 km e sistemas de aviônicos de última geração.

A aeronave é equipada com mísseis ar-ar e pode operar com drones de apoio, exercendo papel central em estratégias de domínio aéreo e enfrentamento das táticas chinesas de negação de acesso (A2/AD).

“O B-21… é bem capaz de viajar mais de 2.000 km de Guam para executar missões de ‘superioridade aérea de espera’ por várias horas nas proximidades da primeira cadeia de ilhas, que fica entre 800 km e 1.000 km de distância da China continental”, disse a revista Shipborne Weapons.

A análise acrescenta que, ao dominar o espaço aéreo entre Guam e a primeira cadeia de ilhas, a aeronave norte-americana teria condições de disparar mísseis de longo alcance contra alvos terrestres e marítimos, além de garantir um corredor seguro para outras unidades militares, como navios de guerra, aeronaves de reconhecimento e bombardeiros estratégicos B-52H, B-1B e B-1A.

Diante desse cenário, a publicação observa que a defesa aérea chinesa seria sobrecarregada, com recursos consumidos em sucessivas tentativas de interceptação de mísseis de diferentes classes, incluindo mísseis hipersônicos.

Além disso, projeta que os grupos de ataque de porta-aviões chineses teriam de se retirar para áreas protegidas pela cobertura aérea do território continental, dificultando a execução de operações navais em águas distantes.

O texto também aponta que o alcance operacional limitado do J-20, junto com deficiências técnicas como a capacidade restrita de armamentos, furtividade incompleta e dependência de aeronaves de alerta antecipado, comprometeria sua eficácia contra o B-21. Como solução, a revista defende o desenvolvimento do J-36, projetado para superar essas limitações.

De acordo com a publicação, o J-36 incorporará características como maior alcance, maior capacidade de cruzeiro supersônico, compartimento interno de armas ampliado, aviônicos avançados e uma estrutura que favorece a operação com drones.

O design inclui três motores para ampliar alcance e gerar energia para sistemas eletrônicos, além de uma cabine com dois assentos lado a lado para facilitar o controle de veículos não tripulados.

O artigo conclui que o J-36 poderá ser o primeiro caça de sexta geração a entrar em serviço ativo no mundo, com projeção de estreia por volta de 2030.

“[O J-36] pode até se tornar o primeiro caça operacional de sexta geração do mundo em serviço por volta de 2030, fazendo com que a potência externa considere seriamente se a dissuasão militar na região da Ásia-Pacífico pode continuar ou se a intervenção militar é possível”, declarou a análise.

Com informações da SCMP

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Last Update: 05/05/2025