
Milhares de contas automatizadas começaram a espalhar, na última quarta-feira (30), por volta das 6h, mensagens distorcidas e falsas com o objetivo de ligar a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, à recente crise no INSS.
A ação ocorreu em mais de 100 mil grupos públicos no WhatsApp, monitorados pela Palver, com padrões semelhantes aos já observados em outras campanhas de desinformação coordenadas, conforme informações da coluna Encaminhado com Frequência, da Folha de S.Paulo.
Durante uma sessão, o deputado fez ofensas à ministra, chamando-a de “prostituta” e mencionando o codinome “Amante”, que estava na lista da Odebrecht entregue à Lava Jato. No entanto, Gleisi foi absolvida por unanimidade pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2018.
Gilvan da Federal é símbolo do que significa a ascensão da extrema-direita na política. Vai ter o mandato suspenso por essa ofensa abjeta mostrada no vídeo. Um sujeito que não consegue falar duas frases sem ofender alguém. Em condições normais, jamais seria representante público. pic.twitter.com/0JEvIm32rW
— Rogério Tomaz Jr. (@rogeriotomazjr) May 1, 2025
As mensagens
Após a possível suspensão de Gilvan no Congresso, uma série de mensagens foi difundida, resgatando links de 2016 para insinuar que a ministra estaria envolvida em esquemas de corrupção com o INSS. Esses links se referem a uma investigação sobre a empresa Consist, ainda em tramitação no STF, mas que nada tem a ver com a crise atual que culminou na queda de Carlos Lupi, ministro da Previdência.
As mensagens foram organizadas para conectar artificialmente os dois casos, sugerindo que os desvios eram contínuos e apontando Gleisi como uma figura central. Em seguida, surgiram declarações alegando que a ministra seria contra a demissão de Lupi por querer “continuar roubando”.
Mais tarde, outro conteúdo se espalhou: um vídeo gravado em 2017 em que uma mulher hostiliza Gleisi dentro de um avião, acusando-a de corrupção e de roubo do dinheiro dos aposentados. O vídeo, no entanto, foi compartilhado como se fosse recente, sem mencionar sua data real. Em 2019, a autora da hostilização foi condenada a pagar indenização por danos morais à ministra.
Em seguida, começaram a circular manchetes alegando que Gilvan seria suspenso por chamar Gleisi de “amante”, omitindo o uso do termo “prostituta”, que foi o foco da acusação de quebra de decoro. A omissão distorce o sentido da sanção e faz com que o deputado seja retratado como vítima de censura por, supostamente, “denunciar a corrupção”.
A construção dessa narrativa segue o padrão típico de campanhas de desinformação, onde não se faz uma acusação direta, mas organiza-se um conteúdo que sugere uma história sem afirmá-la de forma explícita.
Primeiro, ligam Gleisi à crise do INSS com materiais antigos e sem vínculo com os fatos atuais. Depois, reforçam essa imagem com declarações desatualizadas, como o vídeo antigo e a demissão de Lupi. Então, transformam o bolsonarista punido por suas ofensas em um “herói” que teria sido perseguido por “falar a verdade”.
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