A TV Globo e o Bolsonarismo
por Jorge Alberto Benitz
Zapeando, peguei uma parte do programa que tratava justamente do quanto a TV Globo sofreu nas mãos da ditadura e “me tapei de nojo” e fui para outras bandas mais aderentes ao real. Fiquei sabendo mais sobre o que ocorreu no programa do Pedro Bial através da leitura do artigo de Thiago Stivaletti, publicado na FSP em 26/04/25, intitulado “Regina Duarte, Pedro Bial e o Mito do Brasil Cordial”, que recomendo.
Como a Globo “não bate prego sem estopa” este episódio da Regina Duarte no programa do Pedro Bial, que, como disse antes, tive o privilégio de me negar a ver, associado a autoimagem enaltecedora vendida pela própria no programa de 60 anos de sua criação, onde aparece como uma impávida defensora da democracia e vítima da censura, botando para baixo dos panos seu papel crucial como principal defensora e porta voz da ditadura, vem confirmar a ideia defendida pelo jornalista Fernando Barros e Silva no artigo “O Verniz do Vale-Tudo”, publicado na revista Piauí, número 223, de abril de 2025.
No artigo acima mencionado ele aponta, através do questionamento do espaço dado, no jornal O Globo, ao abominável Eduardo Pazuello, como um sinal claro de que a emissora, através de seus vários canais de comunicação, defende politicamente o que ele chama de um bolsonarismo sem Bolsonaro. Associado a esta denúncia, lembro de outro detalhe sutil demonstrativo desta abordagem legitimadora da extrema direita, feita pela TV Globo, que é o tratamento mais fofo, recentemente adotado por ela nos diversos programas e fóruns de debate político, para tratar a extrema direita. Onde se lia extrema direita, lê- se agora direita.
Sob o manto do pluralismo, se dá espaço e assim legitima a extrema direita para que defendam suas ideias antidemocráticas e golpistas. Uma espécie de Vale-tudo quando se trata de minar o caminho de Lula para a reeleição. A começar por esquecer os danos graves do Pazuello como Ministro da Saúde e como diz o articulista no final do referido artigo “Sendo assim, o governador de São Paulo não precisa tirar o boné do MAGA (Make America Great Again) em saudação a Donald Trump, não precisa descer do carro de som de Bolsonaro, não precisa parar com a matança dos pobres na baixada santista. No lusco fusco conveniente em que mergulhamos, os patrões da mídia já decidiram que Tarcísio de Freitas serve como democrata. As instituições estão funcionando, o STF está cuidando de Bolsonaro. Como nos ensinou aquele sábio – No caso, uma frase do Pazuello retirada do artigo dele, digo eu – “cada um tem um papel na democracia”.
Ao mesmo tempo em que suaviza, pega leve, nas críticas a Tarcísio de Freitas, aumenta de intensidade as críticas ao governo Lula. Vide a sanha, expressada em manchete e em tudo que é espaço jornalístico global (Jornal, TV) em colar na imagem de Lula o escândalo dos descontos indevidos, com direito até de envolver o irmão dele na maracutaia, mesmo que contra este último não exista nenhuma evidência objetiva para tal.
Jorge Alberto Benitz é engenheiro e escritor.
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