Ishaq Musa al-Husseini foi um escritor, tradutor, professor e acadêmico palestino de Jerusalém. Foi membro da Academia de Língua Árabe do Cairo, da Academia Científica Iraquiana e da Academia Islâmica de Pesquisa, afiliada à Al-Azhar.

Sua obra mais conhecida é o romance Memórias de uma Galinha, uma fábula sobre uma ave que tenta viver em harmonia com sua família e sua comunidade. Em determinado momento, um grupo de intrusos ataca o galinheiro, causando atritos na comunidade. As tentativas pacíficas da galinha de administrar as tensões e se conectar com os estranhos acabam fracassando.

Alguns nacionalistas árabes chegaram a considerar que o livro apresenta uma postura derrotista. No entanto, a fábula, escrita em 1940, é amplamente interpretada como uma metáfora para a situação entre árabes e sionistas. Desde sua primeira publicação no Cairo, em 1943, a obra foi acusada de conter “tendências políticas”, mesmo que o autor tenha negado esse teor em seu romance.

Al-Husseini publicou cerca de vinte e três livros, entre obras autorais e traduções. Seus temas incluem o ensino da língua árabe, islamismo e nacionalismo. Além de seu romance mais conhecido, produziu um estudo pioneiro sobre o movimento da Irmandade Muçulmana, intitulado A Irmandade Muçulmana é o Maior Movimento.

Nascido em 1904, no bairro Sa‘diyya, em Jerusalém, al-Husseini cresceu em uma família tradicional, religiosa e erudita. Faleceu também em Jerusalém, em 1990, para onde havia retornado em 1973.

Al-Husseini teve uma sólida formação e ampla atuação acadêmica. Em 1923, ingressou na Universidade Americana do Cairo, formando-se em jornalismo em 1925. Retornou a Jerusalém, onde trabalhou como professor na Escola Rashidiya por dois anos. Depois, voltou ao Cairo e cursou a Faculdade de Artes da Universidade Americana, obtendo o título de bacharel em 1929.

Por meio de uma bolsa de estudos na Grã-Bretanha, matriculou-se na Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, ainda em 1929. Em 1934, formou-se em Línguas Semíticas pela mesma universidade, onde também obteve seu doutorado — sendo o primeiro palestino a conquistar tal graduação em uma área literária naquela instituição.

Após a Nakba, mudou-se para Beirute, onde trabalhou como professor na Universidade Americana até 1955. Estabeleceu-se mais tarde no Cairo, atuando como professor na Universidade Americana e no Instituto de Pesquisa e Estudos Árabes.

Em 1961, foi escolhido como membro da Academia de Língua Árabe do Cairo e da Academia Científica Iraquiana, em Bagdá. Em 1963, tornou-se membro da Academia Islâmica de Pesquisa de Al-Azhar. Viveu no Cairo até 1973.

Ishaq Musa al-Husseini foi o primeiro acadêmico palestino a se especializar em estudos literários, tanto na pesquisa quanto no ensino. É considerado o “professor de uma geração” e um pioneiro dos estudos literários na Palestina. Além da educação, dedicou-se a renovar e desenvolver a língua árabe, buscando adaptá-la ao tempo presente.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 05/05/2025