No último sábado, 3 de maio, foi comemorado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, num momento em que essa liberdade se aproxima cada vez mais do fim. No dia 2 de maio, foi divulgado o ranking sobre a liberdade de imprensa nos países, pelo Repórteres Sem Fronteiras (RSF). De acordo com o ranking, houve queda na pontuação em 60% dos países avaliados. Em 23 anos, é a primeira vez que a liberdade de imprensa global é categorizada como “difícil” pela organização.
O Brasil foi uma das exceções do ranking, subindo 19 posições em relação a 2024, alcançando o 63º lugar. Em editorial, a Folha de S. Paulo aponta o fato de que a melhora vem após a saída do governo de Bolsonaro, que seria “hostil” à liberdade de imprensa.
Ainda de acordo com a Folha, a queda dos Estados Unidos em duas posições se deve aos “atos de Donald Trump durante as eleições e nos quatro primeiros meses do seu segundo mandato”, que seria marcado por “ataques verbais a jornalistas, proibição de acessos de veículos à Casa Branca e corte de financiamentos para comunicação pública”.
O ranking aponta também para a queda na Argentina de Milei – um trumpista, de acordo com a Folha -, que perdeu 21 posições e ficou no 87º lugar. Outros casos apontados na matéria é Venezuela (160º), Nicarágua (172º) e México (124º). Outros lembrados pela imprensa golpista são os locais onde há algum “conflito armado”, como o Leste Europeu, Oriente Médio, Sudão, Rússia, Ucrânia e Palestina.
A imprensa golpista oculta o problema real da liberdade de imprensa da forma mais cínica possível. Atribuem a melhora do Brasil após a saída de Bolsonaro, sendo que, atualmente, há toda uma campanha da imprensa para derrubar o apoio eleitoral do ex-presidente, como as repercussões após o ato do 8 de janeiro.
Devemos ter claro que Bolsonaro é sim um inimigo da liberdade de imprensa, pois sua defesa da liberdade de expressão, assim como a dos demais bolsonaristas, é pura fachada para defender apenas o direito de eles falarem. E, no caso dos bolsonaristas, essa defesa é uma forma de tentar se livrar dos inimigos da política macabra que o Supremo Tribunal Federal vem implementando no país, de perseguição generalizada.
A Folha, obviamente, jamais mostraria que o inimigo da liberdade de imprensa é o sistema Judiciário. Até porque, foi a Folha e vários outros órgãos como o Estadão e a Globo, os principais responsáveis por incitar a censura generalizada. São eles que apoiam as ações de Alexandre de Moraes, pelo “bem” da democracia”, de censurar tudo aquilo que não é conveniente. Fazem isso com a esquerda que defende a Palestina no Brasil e fazem isso com os bolsonaristas. Ou seja, os guerreiros da liberdade de imprensa, favoráveis à censura dos inimigos políticos, é justamente o monopólio da informação formado por todos esses grupos da imprensa burguesa.
A menção dos Estados Unidos é curiosa, pois o mesmo Alexandre de Moraes, um juiz brasileiro, mandou fechar a rede social X (antigo Twitter), atualmente comandada pelo trumpista Elon Musk. Na guerra da informação, esse setor “democrático” de Xandão e Folha brigam diretamente contra Trump e Musk. Só que os defensores da liberdade de imprensa mandaram fechar uma rede social inteira, jogando no lixo 40 milhões de brasileiros que usavam o X.
Esses episódios representam, na realidade, uma crise generalizada do monopólio imperialista sobre a informação no mundo inteiro. As redes sociais se tornaram uma pedra no caminho do domínio dos jornais impressos e os telejornais. O que se apresenta hoje como um meio mais democrático de informação, é a internet e as redes sociais. Há uma tentativa de controlar as redes – e isso já acontece com os algoritmos –, mas há iniciativas mais agressivas para regularizar o que pode e o que não pode ser falado na internet.
Em linhas gerais, o ranking da RSF ao menos nos ajuda a conclusão fundamental: a liberdade de imprensa está decaindo. E a culpa é dos setores ditos “democráticos”. Os responsáveis pelo declínio não são Trump e nem Bolsonaro. Os maiores propagandistas da censura são o Partido Democrata dos EUA, bem como a imprensa burguesa no Brasil, além de todos os órgãos internacionais do imperialismo.
E devemos mencionar também, que há uma parte grande da esquerda que apoia esse tipo de iniciativa. Na ânsia de tentar derrotar o bolsonarismo, entram nesse barco furado de censurar seus inimigos políticos, num suposto “combate ao fascismo”. Os verdadeiros fascistas do mundo financiam o genocídio na Faixa de Gaza, dão golpes de Estado nos países oprimidos e são contra a liberdade expressão irrestrita. Esses trabalham junto aos sionistas para censurar e impedir que aqueles que defendem a resistência palestina denunciem a matança de crianças e mulheres.
O mundo ruma para uma ditadura cada vez maior, com leis cada vez mais repressivas. Por enquanto, a esquerda se confunde achando que isso vai servir para calar a extrema-direita. Mas daqui a pouco, ninguém mais poderá falar mais nada, só aqueles devidamente alinhados com o imperialismo.