Cinco meses após a anulação do primeiro turno das eleições presidenciais na Romênia devido a suspeitas de interferência russa, os eleitores do país voltam às urnas neste domingo 4, em um pleito em que a ultradireita é favorita.

Quase 18 milhões de cidadãos aptos a votar são chamados a eleger um novo presidente do país – que integra a UE e a Otan. O cargo é majoritariamente cerimonial, com poderes que incluem definir a política externa e de segurança.

Calin Georgescu, que surpreendeu ao vencer o primeiro turno que foi posteriormente anulado, foi excluído da corrida presidencial.

O ultradireitista foi barrado porque as autoridades notaram umacampanha massiva no TikTok e fizeram alegações de interferência russa.

O novo favorito para este primeiro turno é outro ultradireitista: George Simion.

Simion está com cerca de 30% nas pesquisas, uma vantagem confortável, mas bem abaixo dos 50% necessários para evitar um segundo turno em 18 de maio.

“É hora de retomar nosso país”, declarou Georgescu após votar em Mogosoaia, perto de Bucareste, ao lado de Simion.

“Calin, nós te amamos” e “Georgescu, presidente”, gritava uma pequena multidão no local.

Onze candidatos estão disputando a presidência no primeiro turno.

 

“Romênia em primeiro lugar”

Simion lidera o partido nacionalista AUR. Ele disse que quer transformar o “roubo” eleitoral de novembro em uma vitória.

O candidato de 38 anos, que promete colocar “a Romênia em primeiro lugar”, espera ganhar pelo menos alguns dos votos de Georgescu.

“Estamos aqui com uma missão: restaurar a democracia (…) e trazer justiça à Romênia”, disse Simion.

Simion afirma ser “mais moderado” que Georgescu, embora compartilhe sua animosidade em relação ao que ele chama de “burocratas não eleitos de Bruxelas”, acusando-os de interferir nas eleições romenas.

Ele denunciou a Rússia, mas se opõe ao envio de ajuda militar à Ucrânia, país com o qual faz fronteira, e quer reduzir a ajuda aos refugiados ucranianos.

Um fervoroso apoiador de Donald Trump, ele frequentemente aparece usando um boné com o famoso slogan do presidente dos EUA, “Make America Great Again” (tornar os EUA grande novamente), e espera se tornar o “presidente MAGA” da Romênia.

Analistas políticos dizem que a eleição de Simion poderia isolar o país, corroer o investimento privado e desestabilizar o flanco leste da Otan, onde a Ucrânia luta contra uma invasão russa que já dura três anos.

 

“Corrida acirrada”

Além de Simion, três outros candidatos têm chances de chegar ao segundo turno, agendado para 18 de maio.

Crin Antonescu, apoiado pela coalizão governamental pró-europeia, oferece estabilidade, enquanto o prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, promete combater a elite política “corrupta” e “arrogante”.

Em quarto lugar está o ex-primeiro-ministro social-democrata Victor Ponta, que lidera uma campanha “Romênia Primeiro”, inspirada por Trump.

“A corrida está muito acirrada”, disse Remus Stefureac, diretor da empresa de pesquisas INSCOP Research, à AFP. Ele acrescentou que “qualquer um dos quatro pode ganhar a presidência”.

Stefureac acredita que a posição dos candidatos nas pesquisas pode “mudar completamente” com as discussões acirradas, a campanha online acirrada e o alto número de eleitores indecisos.

A votação será acompanhada de perto após o cancelamento surpresa do primeiro turno no ano passado.

Milhares de pessoas protestaram nos últimos meses para denunciar um “golpe de Estado”.

Até o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, criticou a anulação da eleição e pediu que se ouvisse “a voz do povo”.

Para evitar uma repetição da turbulência do ano passado, as autoridades tomaram medidas preventivas e cooperaram com a plataforma de vídeos TikTok, que afirmou estar comprometida com uma eleição “justa e transparente”.

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Last Update: 04/05/2025