O programa Em Movimento trouxe, na última quarta-feira (30), uma conversa com Ceres Hadich, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), para falar sobre a luta pela reforma agrária, da contenção do avanço da extrema direita e da estratégia de levar o movimento, cada vez mais, para o debate público a partir da eleição de membros do movimento social.
Em relação ao avanço da extrema direita, Ceres comentou que trata-se de uma nova luta diária do movimento, tendo em vista que os conservadores atrapalham, em alguma medida, o debate sobre a reforma agrária.
“Ontem o ministro Paulo Teixeira estava de novo convocado para uma oitiva no Senado. O tempo que o MDA, o INCRA, a CONAB, toda a estrutura do aparato do Estado brasileiro gasta tendo de responder o senso comum, tendo de responder a bolha que os deputados querem dialogar com a bolha deles para ficar desgastando o governo, desgastando o Ministério, eles podiam estar fazendo outra coisa. Eles podiam estar concentrados em realmente fazer as entregas que o governo tem se preparado para fazer”, comenta a militante.
Depois de enfrentar uma CPI e, devido às constantes perseguições de políticos conservadores, Ceres afirma que o movimento está amadurecendo o entendimento de que a luta pela reforma agrária e também a defesa da democracia e dos interesses da classe trabalhadora passa pelo Legislativo.
Nas últimas eleições municipais, realizadas em 2024, o movimento conseguiu eleger 133 candidatos, entre vereadores, prefeitos e vice-prefeitos em 19 estados brasileiros.
“Para isso é importante a gente consolidar disputas em espaços institucionais também, porque neles também a gente é capaz de poder avançar posições, de poder obter conquistas, de poder tentar não só aprender com a burocracia do Estado, mas também construir uma correlação de forças para um dia, quiçá, poder até superá-la”, continua.
A militante aponta ainda que a campanha eleitoral também se mostrou um momento bastante rico para o movimento, tendo em vista que é possível levar a pauta da reforma agrária para dialogar com a sociedade.
“Então, de fato, as eleições com vereadores, com prefeitos, com deputados estaduais, com deputados federais, elas têm sido um momento bastante rico para a gente experimentar esse diálogo direto junto da sociedade brasileira e, de fato, têm dado muito resultado.”
O MST
Ao longo da entrevista com o jornalista Ícaro Brum, Ceres Hadish falou ainda sobre a sua trajetória no MST, que teve início em 2002, sobre a organização do movimento e da origem da luta pela terra no país, originada a partir da colonização portuguesa.
LEIA TAMBÉM: