Nesta quinta-feira (1º), o Comitê de Imprensa do Campo de Jenin publicou balanço da agressão sionista contra o campo na data que marca 101 dias de ataques consecutivos à região. Os ataques foram iniciados em 21 de janeiro, logo após o Hamas e o estado de “Israel” terem assinado um acordo de cessar-fogo – acordo que, em março, foi rompido pela ocupação sionista com uma nova ofensiva genocida contra a Faixa de Gaza.
A nota denuncia o assassinato de 41 civis, dois sendo mortos pela Autoridade Palestina (AP). Chama atenção, também ao fato de que mais de 22 mil moradores de Jenin foram forçados a sair do campo. Além disso, o comitê ainda denunciou o acirramento da ditadura imposta pelo exército sionista contra o povo palestino em Jenin, com vigilância nos bairros da cidade. O exército israelense já sequestrou 318 palestinos desde que os ataques começaram e procura, cada vez mais, restringir o acesso à região, transformando-a em uma verdadeira prisão a céu aberto.
Confira, abaixo, o comunicado na íntegra:
“Comitê de Imprensa no Campo de Jenin:
Em nome de Alá, o Mais Misericordioso, o Mais Compassivo
Mais de 100 dias de agressão contínua de “Israel” contra Jenin e seu campo
As forças de ocupação continuam sua crescente agressão contra a cidade de Jenin e seu campo de refugiados pelo 101º dia consecutivo, em meio à destruição generalizada que afeta residências e infraestrutura, além de incursões contínuas.
A ocupação enviou reforços militares adicionais em direção ao campo e seus arredores. A cidade está presenciando incursões contínuas em vários bairros, juntamente com uma forte presença militar na maioria das aldeias e vilarejos vizinhos.
Dentro do campo, a ocupação prossegue com operações de demolição e nivelamento, mantendo um cerco rigoroso após a instalação de portões de ferro nas entradas do campo há poucos dias, efetivamente cortando todo o acesso.
Todas as casas e estruturas no campo sofreram danos totais ou parciais devido aos ataques contínuos e à destruição sistemática, cujo objetivo é alterar a configuração estrutural e a identidade do campo.
Aproximadamente 800 unidades habitacionais na cidade sofreram danos parciais, além de 15 edifícios que foram completamente demolidos desde o início da agressão. A maior parte dos danos está concentrada no bairro leste e na área de Al-Hadaf.
O número de pessoas deslocadas da cidade de Jenin e de seu campo ultrapassou 22.000, forçadamente retiradas pela ocupação, em meio a condições de vida precárias e quase total paralisia comercial e econômica — particularmente nos bairros ocidentais, onde muitos comércios foram fechados e os prejuízos econômicos aumentaram significativamente.
Desde o início do ataque, em 21 de janeiro, a agressão resultou no martírio de 41 civis, incluindo dois mortos pelas forças da Autoridade Palestina, além de dezenas de feridos e um aumento nas campanhas de prisões em toda a governadoria de Jenin.
Desde o início da ofensiva, foram registradas 318 prisões na cidade de Jenin e em seu campo, além de dezenas de pessoas submetidas a interrogatórios no local.
Diante da trágica realidade que se desenrola no Campo de Jenin, apelamos por uma intervenção imediata para aliviar o sofrimento contínuo causado pela agressão sionista. Reafirmamos a necessidade de apoiar o povo, reforçar sua resistência e fornecer todas as necessidades urgentes.
Comitê de Mídia no Campo de Jenin
01-05-2025”
Em nota, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) também denunciou a ofensiva sionista, apontando que o mesmo é realizado na Faixa de Gaza. O partido palestino reforçou o chamado feito pelo Comitê de Imprensa no Campo de Jenin pela unidade em defesa dos palestinos da região e finalizou com a certeza da derrota dos sionistas na tentativa de tomar os territórios da região:
“As demolições em escala crescente realizadas pelas forças de ocupação nas governadorias da Cisjordânia — com foco especial em Jenin e Tulcarém — juntamente com novas ordens de demolição que visam mais de 100 edifícios nos campos de refugiados de Tulcarém e Nour Shams, fazem parte do esquema contínuo da ocupação voltado à anexação, ao deslocamento forçado, à repressão brutal e à alteração da identidade das áreas do norte da Cisjordânia em favor da expansão dos assentamentos.
Essas violações bárbaras contra a Cisjordânia, que coincidem com o genocídio em curso na Faixa de Gaza, exigem uma ação urgente de todas as pessoas livres do mundo para deter esses crimes e responsabilizar o governo de ocupação terrorista por suas atrocidades e flagrantes violações de todas as leis e convenções internacionais.
Conclamamos nosso povo na Cisjordânia a se unir em torno do caminho da resistência abrangente, em defesa de nossa terra, dignidade e direitos nacionais inalienáveis. A firmeza e a valente resistência do nosso povo são a garantia de que todos os esquemas da ocupação fracassarão — pois jamais conseguirão garantir uma presença duradoura em nossa terra, por mais que avancem sua agressão e criminalidade.”
A situação em Jenin possui grandes semelhanças com a da Faixa de Gaza no sentido dos ataques promovidos pelo Estado nazista de “Israel” contra os palestinos. No entanto, na Cisjordânia, há o agravante de que a Autoridade Palestina (AP) e seu presidente, Mahmoud Abbas, atuam como cachorros dos sionistas contra os palestinos e a resistência, prendendo, ferindo e assassinando palestinos ao lado da polícia sionista. A subserviência é tamanha que fez com que, em janeiro deste ano, o Hamas avaliasse que o acordo de cessar-fogo com os sionistas na Faixa de Gaza seria mais fácil de ser alcançado do que em Jenin.