A brasileira Tarlis Gonçalves foi detida em Guantánamo ao tentar entrar nos Estados Unidos. Foto: Divulgação

Uma cabeleireira transgênero brasileira, Tarlis Marcone de Barros Gonçalves, de 28 anos, foi presa ao tentar entrar nos Estados Unidos e ficou detida na prisão de Guantánamo, em Cuba, em uma ala destinada a prisioneiros homens. Ela é natural de Alvarenga (MG), relatou que, apesar de ter se identificado como mulher transgênero, foi ignorada pelas autoridades e forçada a enfrentar condições desumanas durante sua detenção.

Gonçalves cruzou a fronteira do México com os EUA em 15 de fevereiro de 2023, com a intenção de pedir asilo por ser vítima de perseguições em razão de sua identidade de gênero. Ela contou que pagou R$ 70 mil a um coiote para tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, onde planejava solicitar proteção.

Contudo, ao ser detida pela imigração na fronteira de El Paso, no Texas, sua situação tomou um rumo inesperado. Após ser transferida para um centro de detenção no Novo México, Gonçalves passou nove dias em uma ala masculina, onde afirmou ter sido constantemente assediada pelos outros detentos.

Ela fez diversos apelos às autoridades, dizendo que não se sentia segura naquele local e solicitando para ser alocada em uma ala feminina, mas seus pedidos foram ignorados. “Falei várias vezes para eles que eu era uma mulher trans e não me sentia bem no local só com homens, que não me sentia segura”, relatou à Folha de S.Paulo.

Em um depoimento traduzido, Gonçalves descreveu a angústia de ser levada para Guantánamo, sem saber exatamente para onde estava indo. “Fiquei desesperada quando vi que tinham me levado para uma prisão em Cuba. Achei que estivesse indo para o Brasil, não sabia o que iam fazer comigo”, contou ela. A detenção na prisão americana foi marcada por maus-tratos, humilhações e condições precárias de sobrevivência.

Imagem de 2016 da prisão de Guantánamo, situada na ilha de Cuba. Foto: Divulgação

Ela relatou que foi algemada nos pés, punhos e quadril durante a transferência e que os guardas não a tratavam com dignidade. Após cinco dias em Guantánamo, Gonçalves foi transferida para outro centro de detenção nos Estados Unidos, onde permaneceu em uma cela solitária por 17 dias. A comida escassa e as condições de saúde precárias foram alguns dos problemas que ela enfrentou durante esse período.

No início de abril, Gonçalves foi finalmente deportada para o Brasil, com algemas nos punhos e nas pernas. Ela voltou para sua cidade natal, Alvarenga, e agora enfrenta o desafio de pagar as dívidas contraídas para pagar pelo transporte ilegal, além de tentar reconstruir sua vida.

“Meu plano era construir um salão de beleza para mim e terminar de construir uma casa para os meus pais”, afirmou a cabeleireira, que agora tenta superar os traumas da experiência nos Estados Unidos.

Gonçalves fez um apelo sobre a desumanidade das políticas de imigração implementadas durante o governo Donald Trump, lembrando que, em seu caso, as autoridades americanas não reconheceram sua identidade transgênero. “Trump tem família, tem filhos. Espero que ele nunca tenha uma filha transgênero e nunca passe o que eu e minha família passamos”, disse ela.

A história de Tarlis Marcone de Barros Gonçalves levanta questões sérias sobre os direitos das pessoas transgênero e as condições de detenção de imigrantes nos Estados Unidos. Além disso, o caso também ressalta os desafios enfrentados por imigrantes em situação irregular que buscam asilo devido à perseguição em seus países de origem.

O caso de Gonçalves está sendo analisado por organizações de direitos humanos, como a União Americana das Liberdades Civis (ACLU), que se opõe à prática de transferir prisioneiros para Guantánamo, onde são tratados de maneira desumana e sem os devidos direitos legais.

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Last Update: 01/05/2025