
Os deputados petistas Helder Salomão (ES), Rogério Correia (MG) e Reimont (RJ) usaram a tribuna da Câmara nessa quarta-feira (30/4) para explicar aos brasileiros que foi o Governo Lula que desmontou o esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias do INSS. “A verdade tem que ser dita. Quem desmontou o esquema foi o atual governo. Nós conseguimos desbaratar essa quadrilha e todos os descontos foram suspensos em respeito aos aposentados”, afirmou Salomão. Ele enfatizou que o Governo Bolsonaro deixou o esquema livre, leve e solto. “Quando o presidente Lula assume em 2023, a Controladoria-Geral da União encaminha a denúncia para a Polícia Federal, que faz a investigação. Foi o governo anterior, que não investigou”, reiterou.
Uma operação conjunta entre a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF) revelou na última semana um esquema de descontos indevidos que somaram R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Helder Salomão relembrou que no governo anterior quando um delegado da Polícia Federal investigava, o então presidente Bolsonaro trocava o delegado da polícia e, “na maior desfaçatez dizia: ‘Não vou deixar que chegue à minha família’”. O deputado acrescentou ainda que o ex-presidente interferiu nas investigações que eram feitas pela Polícia Federal em relação a esse esquema e a tantos outros.
Segundo o deputado, dezoito delegados da PF foram substituídos porque chegaram a investigações que poderiam prejudicar o ex-presidente e a sua família. “Quem desbaratou essa quadrilha do INSS foi a Polícia Federal deste governo, com independência, sem interferência do Presidente da República, sem interferência dos órgãos de governamentais”, frisou.
Absurdo
Para Helder Salomão, de fato, foi um absurdo o que aconteceu nos últimos anos. “Das 11 empresas investigadas, nove, senhores e senhoras — nove! — foram contratadas e criadas em governos passados, de 2016 a 2022 — nove! E o que os governos passados fizeram? Lavaram as mãos, substituíram os delegados da Polícia Federal para não permitir as investigações. Parabéns, presidente Lula! Vamos seguir defendendo os aposentados. Vamos seguir desmantelando essas quadrilhas que estão querendo tirar do nosso povo trabalhador, dos aposentados, descontos que são caros ao final de cada mês”.
Careca do INSS

Em seu discurso, Rogério Correia também enfatizou que todo o esquema de desvio começou na gestão Bolsonaro. “Quem iniciou esse processo foi Jair Bolsonaro. Quase todas as empresas que estão sendo agora questionadas foram daquela época. Há um tal de careca do INSS, o Antônio Carlos Camilo Antunes, um lobista que recebeu dinheiro, segundo a Polícia Federal, para cadastrar essas empresas na época do Bolsonaro. Esse careca do INSS é também o careca do Bolsonaro. Ele andou contribuindo inclusive com a campanha do próprio Jair Bolsonaro”, citou.
Rogério Correia ainda rebateu os bolsonaristas que, “agora querem dizer que quem está revelando isso (o esquema) é que cometeu o crime! Não, o crime está sendo descoberto e vai ser punido custe o que custar, é isso que garantem os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Carlos Lupi (Previdência)”, afirmou.
O deputado relembra que os bolsonaristas que hoje estão enchendo a boca para criticar o esquema de desvio dos aposentados são os mesmos que votaram a favor a Reforma da Previdência do Bolsonaro. “Eles aumentaram a idade para o aposentado se aposentar. Eles diminuíram o salário do aposentado. Eles queriam acabar até com a vinculação do salário mínimo à aposentadoria. Nós é que não o deixamos. Eles também queriam acabar, com a aposentadoria dos trabalhadores rurais, e nós não deixamos, nós retiramos isso do texto do projeto. Agora eles enchem a boca para falar disso, como se estivessem protegendo os aposentados. Isso não é verdade”, protestou.
Debaixo do tapete

O deputado Reimont acusou Bolsonaro de colocar tudo debaixo do tapete, impedir a investigação, interromper os processos da Polícia Federal, interromper os processos dos órgãos de controle. “O Governo Bolsonaro tinha vontade política. E sabe qual era? A vontade política era de não deixar a Polícia Federal investigar, para que a rachadinha do senador Flávio Bolsonaro não fosse descoberta. Então, o Governo Bolsonaro não investigou. Mas, mais que isso, a vontade política do Governo Bolsonaro era esta: a Polícia Federal tem que ser calada, ela não pode agir, ela não pode funcionar!”, afirmou.
Ao contrário de Bolsonaro, Reimont disse que a vontade política do Governo Lula é a de que os órgãos de controle funcionem, que a AGU funcione, que o TCU funcione, que a Polícia Federal investigue. Então, há vontade política, e é só porque há vontade política que nós sabemos o que aconteceu.
Investigação
“Agora eu quero me dirigir aos aposentados do Brasil, dos quais faço parte, que também sou aposentado pelo INSS. Sou professor. Eu quero dizer que, independentemente de quem quer que tenha culpa na fraude que levou R$ 6 bilhões do INSS, dos aposentados, nós queremos que seja investigado. Nós queremos – e o Governo Bolsonaro não queria que fosse investigado. E não queria mesmo por quê? Porque, se fossem investigar, iriam descobrir a maracutaia do seu governo, dos seus ministros”, ressaltou.
Segundo Reimont, quem quer que seja, quem quer que esteja envolvido com corrupção vai ser investigado e vai pagar pelo seu crime. “Não temos medo de CPI”, afirmou o deputado, se referindo ao pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito feito pela oposição.
Vânia Rodrigues