Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, o Do Micro ao Macro completa um ano de existência. Mais de mil matérias publicadas, 52 newsletters, 52 vídeos, um prêmio de jornalismo conquistado e um compromisso renovado: falar com quem empreende, trabalha, luta — e muitas vezes, não é ouvido.

Ao longo desses 12 meses, colocamos no centro do debate quem movimenta a economia do país: os pequenos empresários, os trabalhadores informais, as mulheres que empreendem por necessidade, os jovens que vendem no digital, os veteranos que abrem negócios aos 60 anos, e tantos outros que enfrentam diariamente o desafio de transformar trabalho em renda, em autonomia, em dignidade.

Não há contradição entre celebrar o trabalhador e falar sobre empreendedorismo. No Brasil de hoje, são os mesmos.

O empreendedor brasileiro — quase sempre sem capital, sem rede de apoio e com pouca proteção social — precisa dos mesmos direitos que o assalariado: crédito justo, educação de qualidade, segurança previdenciária, segurança pública e políticas públicas de verdade. Precisa também de escuta, representação e informação acessível, que fale a sua língua sem vender promessas vazias.

Neste um ano, mostramos isso com dados, entrevistas, reportagens, vídeos e análises que colocaram as pessoas no centro das decisões. Falamos de taxação dos super-ricos, de microcrédito, de saúde mental, de MEI, de mães solo, de precificação no e-commerce, de como o empreendedor negro enfrenta o racismo e de como as mulheres seguem ganhando menos mesmo quando produzem mais.

E vencemos prêmios com isso. Porque acreditamos que jornalismo econômico pode — e deve — ser popular, sem ser simplista. Pode ser técnico, sem perder a humanidade.

Neste caminho, tivemos o privilégio de contar com a parceria do Sebrae. Sem essa aliança, o projeto não existiria. O Sebrae foi — e segue sendo — essencial para ampliar o alcance das pautas que importam para micro e pequenos empreendedores. É uma instituição que conhece o Brasil real e trabalha para dar suporte a quem empreende não por oportunidade, mas por necessidade. E isso faz toda a diferença.

Também falamos de tecnologia, e falaremos ainda mais. Porque inteligência artificial, startups, automação, plataformas digitais, tudo isso também pertence a nós. Não é um universo reservado às grandes corporações do Vale do Silício. É ferramenta para o ambulante que vende por WhatsApp, para a manicure que aprende marketing no Instagram, para o agricultor familiar que usa aplicativo de clima. O futuro do trabalho também é popular. E cabe à comunicação progressista disputar essa narrativa.

Neste 1º de Maio, também vale refletir sobre como o tema do empreendedorismo foi capturado por discursos fáceis, por uma retórica de autoajuda que ignora as estruturas. Empreender virou sinônimo de “se virar sozinho”, de “meritocracia” em meio a um país profundamente desigual. Enquanto isso, políticas públicas que deveriam amparar quem empreende com esforço e inovação são sucateadas ou substituídas por plataformas digitais sem política por trás.

É por isso que Do Micro ao Macro existe. Para disputar esse espaço. Para mostrar que é possível falar de produtividade e proteção social ao mesmo tempo. Que é possível celebrar o esforço individual sem romantizar a ausência do Estado. Que o Brasil precisa — e pode — pensar o trabalho e o empreendedorismo com outra lente: mais progressista, mais justa, mais conectada com a realidade de quem realmente faz a economia girar.

Seguiremos por aqui. Com mais reportagens, mais vídeos, mais vozes. Com profundidade, clareza e lado. O lado de quem levanta cedo para trabalhar, inovar, vender, criar e, mesmo assim, ainda precisa lutar para ser reconhecido.

Obrigado a quem nos acompanhou neste primeiro ano. Seguimos juntos.

Allan Ravagnani
Editor de Do Micro ao Macro

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 01/05/2025