O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciou nessa segunda-feira (28) a expansão do Grupo de Investigação em Áreas Rurais da Polícia Civil para alcançar todo o Estado. Declarando que em São Paulo “não haverá mais nem Carnaval Vermelho nem Abril Vermelho, aqui é o Abril e o Carnaval Verde e Amarelo”, Derrite reforçou a política oficial do governo Tarcísio (Republicanos) contra as tradicionais mobilizações de movimentos sociais.

O pronunciamento visa principalmente as ações da Frente Nacional de Luta (FNL), conhecido por promover o “Carnaval Vermelho”. Em fevereiro de 2023, essa campanha contou com uma série de ocupações de fazendas no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado, evento usado como justificativa para a intensificação da repressão policial no campo.

Criado para operar nas regiões de Botucatu e Itatinga, o grupo agora se estenderá por todo o Estado, conforme a nova portaria assinada. Derrite ainda apontou que, após o “Carnaval Vermelho” de dois anos atrás, nenhuma nova invasão de terras ocorreu em São Paulo.

Além de destacar o reforço das inteligências da Polícia Civil, o secretário salientou a pronta ação da Polícia Militar em resposta a qualquer atividade relacionada aos sem terra no Estado.

A repressão policial no estado de São Paulo

Nos últimos anos, a atuação da Polícia Militar do estado de São Paulo aumentado a sua violência e sua repressão. Incidentes recentes demonstram uma escalada no uso da força policial.

Em abril de 2025, manifestantes que protestavam contra a privatização de trens foram violentamente reprimidos pela PM. Relatos indicam agressões físicas, inclusive contra mulheres caídas, e o uso indiscriminado de cassetetes. Jornalistas que cobriam o evento também foram alvo da violência policial, com um fotógrafo sendo atropelado por uma viatura da PM.

Essa ação se soma a outros episódios ocorridos nos últimos dois anos. Em julho de 2024, a PM ameaçou famílias com despejo truculento no Pontal do Paranapanema, evidenciando uma postura de confronto em vez de diálogo. Líderes do MST têm denunciado publicamente a intensificação da repressão, especialmente sob a atual gestão do governador Tarciso de Freitas.

Em dezembro de 2023, durante uma votação na Assembleia Legislativa de São Paulo sobre a privatização da Sabesp, a PM reprimiu manifestantes com cassetetes e gás de pimenta, conforme denunciado pelo MST.

Além disso, em 2023, a Comissão Pastoral da Terra registrou 1.724 conflitos por terra no Brasil, sendo 1.588 relacionados a violências contra ocupações e posses. Dentre os principais alvos dessas ações estão trabalhadores rurais sem terra, posseiros, índios e quilombolas.​

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 01/05/2025