A guerra comercial do governo de Donald Trump, com seu muro tarifário para produtos estrangeiros, começou a causar fissuras na economia dos Estados Unidos, com o Produto Interno Bruto do país recuando 0,3% no primeiro trimestre. Contudo, a China, alvo principal da Casa Branca, não está imune à ofensiva.
Dois dados ilustram o impacto do tarifaço sobre Pequim. O primeiro, divulgado nesta quarta-feira 30, é o Índice de Gerentes de Compras (PMI) em abril, que serve para medir o nível de produção industrial: ele caiu para 40, saindo dos 50,5 registrados em março. Assim, a atividade industrial da China registrou a queda mais acelerada em 16 meses.
Há avaliações de que a guerra comercial de Trump representa uma excelente oportunidade para o gigante asiático, que, ao longo de décadas, costurou acordos comerciais com diversos países. Entretanto, a queda da produção no mês em que o republicano anunciou o tarifaço mostra que o caminho rumo a uma vitória nessa disputa poderá não ser tão simples.
Até agora, a China sinaliza que pretende lutar até o fim na disputa comercial com os norte-americanos, mas tem nas exportações uma das bases do desempenho de sua economia.
É nesse cenário que entra em destaque outro dado recente sobre a economia chinesa. Segundo a Federação Chinesa de Logística e Compras, os pedidos de exportação tiveram, em abril, o maior recuo desde dezembro de 2022. A desaceleração acontece diante das novas tarifas de 145% impostas pela Casa Branca.
Um exemplo dessa queda está no comércio online. Segundo dados da alfândega chinesa, o volume total de remessas de comércio eletrônico – que inclui plataformas como Shein e Temu – para os EUA caiu 65% nos primeiros três meses deste ano. A necessidade de realocar a produção, por óbvio, chama a atenção de outros países e blocos. Nesse contexto, segundo dados oficiais de Pequim, o volume ligado ao comércio eletrônico aumentou 28% nas trocas entre a China e a Europa.
Esse cabo de guerra dita as novas regras do jogo comercial. Por um lado, a China se vê cercada de obstáculos em relação aos EUA e busca diversificar suas alternativas. Por outro, sabe que os sinais emitidos pela principal potência ocidental provocam efeitos impossíveis de serem ignorados.