A Ucrânia poderá formalizar ainda nesta quarta-feira, 30, um acordo com os Estados Unidos voltado para o desenvolvimento de recursos minerais. A informação foi confirmada por uma fonte do governo ucraniano à agência Reuters, sob condição de anonimato devido à natureza sensível das negociações.

Segundo a fonte, a primeira vice-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, está em viagem aos Estados Unidos para firmar o documento. “Acho que talvez no final da noite, horário de Kiev, o acordo possa ser assinado”, afirmou a autoridade.

A medida dá continuidade a um memorando assinado por representantes dos dois países em 18 de abril, considerado um passo inicial rumo ao pacto. O documento preliminar estabeleceu como meta a conclusão das negociações até 26 de abril, com a intenção de assinatura em prazo curto.

A expectativa do governo ucraniano é que o avanço nas tratativas com Washington reforce o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia, que enfrenta há mais de três anos uma ofensiva militar de larga escala por parte da Rússia. Desde o início da invasão, Kiev tem recebido apoio militar direto de Washington, incluindo sistemas de defesa aérea e armamentos de longo alcance.

Em fevereiro, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que aproximadamente 30% dos equipamentos militares usados pela Ucrânia na defesa do território vinham dos Estados Unidos.

O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, declarou nesta semana que a ajuda militar anteriormente concedida pelos Estados Unidos não será contabilizada como parte do novo acordo mineral.

A afirmação foi feita após reuniões mantidas durante sua visita a Washington, onde Shmyhal se encontrou com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Segundo ele, houve “bom progresso” nas discussões.

Shmyhal também afirmou que o governo ucraniano estabeleceu limites claros quanto à conformidade do acordo com as normas da União Europeia e a legislação interna da Ucrânia. O país mantém compromissos regulatórios com o bloco europeu, que condicionam negociações bilaterais a critérios de transparência e conformidade legal.

A assinatura do acordo ocorre em meio a declarações do governo Trump de que poderá interromper os esforços em curso para alcançar uma resolução negociada do conflito, caso não haja avanços concretos nas próximas semanas.

Autoridades americanas vêm manifestando a intenção de condicionar parte do apoio político e financeiro ao cumprimento de metas específicas por parte do governo ucraniano.

A guerra entre Ucrânia e Rússia teve início em fevereiro de 2022, com a entrada de tropas russas em território ucraniano.

Desde então, os Estados Unidos tornaram-se o principal aliado externo da Ucrânia, fornecendo armamento, apoio financeiro e suporte logístico. A aliança, no entanto, passou a incluir condicionantes e novas diretrizes com a mudança de orientação estratégica da administração Trump durante o segundo mandato.

A proposta de um acordo mineral está inserida nesse contexto de redefinição da relação bilateral. O entendimento prevê investimentos no setor de extração e comercialização de minerais estratégicos, com foco em metais raros e recursos essenciais para cadeias produtivas de alta tecnologia. A Ucrânia detém reservas significativas de grafite, titânio, lítio e outros materiais críticos.

O acesso a essas reservas é considerado estratégico tanto para os interesses dos EUA quanto para os objetivos da Ucrânia em fortalecer sua economia durante o conflito.

Ao mesmo tempo, a negociação também está sendo acompanhada por instituições europeias, que monitoram os compromissos assumidos por Kiev no processo de aproximação com a União Europeia.

A formalização do acordo pode representar um novo eixo na parceria econômica entre os dois países, adicionando uma dimensão comercial ao apoio essencialmente militar prestado pelos Estados Unidos desde 2022. O governo ucraniano tem defendido a diversificação das formas de cooperação como forma de reduzir a dependência de ajuda emergencial e ampliar a estabilidade econômica.

Até o momento, os detalhes específicos do conteúdo do acordo não foram divulgados oficialmente. Autoridades americanas e ucranianas mantêm o sigilo das cláusulas em negociação, sob argumento de proteção das tratativas e alinhamento técnico final entre as partes.

A assinatura do acordo deverá ocorrer em território americano, com a presença de representantes dos dois governos. Yulia Svyrydenko, que lidera as pastas de economia e comércio, foi designada como chefe da delegação ucraniana.

O desfecho da negociação será acompanhado de perto por analistas econômicos e observadores internacionais, que consideram o resultado como indicativo do grau de comprometimento do governo dos EUA com a continuidade do apoio à Ucrânia no cenário de guerra. Também será um indicativo da disposição do governo ucraniano de integrar seus ativos estratégicos a acordos bilaterais durante o conflito armado.

A previsão da assinatura nesta quarta-feira marca mais uma etapa no relacionamento entre Washington e Kiev, agora expandido para além do campo militar e entrando na esfera da cooperação econômica e de infraestrutura.

Com informações da SCMP

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Last Update: 30/04/2025