Antonio Carlos Camilo Antunes, de 61 anos, conhecido como “Careca do INSS”, recebeu ao menos R$ 53,58 milhões de entidades associativas e intermediárias envolvidas em um esquema de fraudes nos descontos aplicados diretamente nos benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A informação consta em um relatório da Polícia Federal (PF).

Segundo as investigações, os pagamentos foram feitos por meio de empresas ligadas a Antunes, que atuava como um “facilitador” no esquema, prestando consultoria a entidades que firmaram acordos de cooperação técnica com o INSS. O lobista aparece como sócio de 21 empresas, das quais 19 foram abertas a partir de 2022. Pelo menos quatro delas estão diretamente envolvidas na chamada “farra do INSS”, afirma a PF

As empresas de Antonio Carlos Camilo Antunes funcionavam como intermediárias financeiras, recebendo recursos de diversas associações. Parte desses valores foi repassada a servidores do INSS”, diz trecho do relatório.

Ao todo, Antunes teria transferido R$ 9,32 milhões a servidores públicos e empresas ligadas à cúpula do instituto. Entre os beneficiários estão Virgílio Filho, ex-procurador-geral do INSS, além de André Fidelis e Alexandre Guimarães, ambos ex-diretores do órgão.

A investigação aponta que a esposa de Virgílio Filho recebeu R$ 7,54 milhões, via empresas controladas por Antunes. Também foi identificada a transferência de um carro de luxo, uma Porsche Taycan, à mulher do ex-procurador.

Outro repasse suspeito envolve o escritório de advocacia do filho de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, que permaneceu no cargo até julho de 2024. O escritório recebeu R$ 1,46 milhão.

Outro nome citado é o de Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação do INSS, que deixou o cargo em abril de 2023. Uma empresa ligada a ele recebeu R$ 313,2 mil de Antunes, de acordo com os investigadores.

Embora o relatório não detalhe as datas exatas das transações, as movimentações financeiras analisadas abrangem o período entre 2022 e 2024, segundo os dados de inteligência financeira obtidos pela PF.

Operação Sem Desconto e queda do presidente do INSS

Antunes foi um dos alvos da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quarta-feira (23), que investiga práticas ilegais envolvendo o desconto automático de mensalidades associativas dos benefícios previdenciários. As apurações apontam que essas entidades, que deveriam representar os interesses de aposentados e pensionistas, teriam cobrado valores indevidos que somam R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

A operação teve repercussões imediatas e o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado do cargo.

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Last Update: 30/04/2025