A repressão ao movimento de solidariedade com a Palestina na Alemanha atingiu um novo patamar com o caso de Hüseyin Dogru, jornalista e fundador da red. media, que pode ser condenado a até três anos de prisão por suposta “difamação” contra Nicholas Potter, colaborador do The Jerusalem Post, jornal sionista vinculado a um ex-porta-voz do Exército de “Israel”.
A acusação tem como base um adesivo colado em Berlim com a inscrição “The German Hurensohn” — “o filho da puta alemão” — sobreposta a uma arte crítica produzida pela red. media. A promotoria alemã afirma que o material representa o centro de uma suposta “campanha de ódio” contra Potter, supostamente liderada por Dogru. O jornalista nega ter qualquer envolvimento na confecção ou circulação do adesivo e afirma estar sendo alvo de perseguição por suas posições políticas.
Dogru relata que a ação judicial é a culminação de uma campanha que se intensificou após a publicação, em dezembro de 2023, de uma reportagem de Potter no The Jerusalem Post, na qual ele acusava a red. media, o MintPress News e o The Grayzone de serem parte de uma rede coordenada de “extrema esquerda”, financiada por governos como o da Rússia, Irã e Síria. A acusação, completamente infundada, teve como objetivo associar qualquer denúncia ao genocídio sionista a um suposto complô internacional contra o imperialismo.
Potter, que se apresenta como “especialista em extremismo”, atua como propagandista do regime sionista, tendo inclusive escrito um artigo intitulado Podem jornalistas ser terroristas?, em que justifica os assassinatos de jornalistas palestinos por parte de “Israel”. Para Dogru, a situação expressa o absurdo da censura:
“Estamos diante de um jornalista que trabalha para um jornal dirigido por um porta-voz do exército sionista, financiado pelo governo alemão, atacando outros jornalistas por fazerem críticas políticas legítimas.”
A repressão contra Dogru não é um caso isolado. Desde o início da ofensiva sionista contra Gaza, o governo alemão tem adotado medidas ditatoriais para sufocar qualquer manifestação de apoio ao povo palestino. Marchas têm sido proibidas, participantes de protestos têm sido detidos e deportados, e até mesmo cidadãos judeus têm sido perseguidos por participarem das manifestações.
A frase “Do rio ao mar, a Palestina será livre” — historicamente utilizada pelo movimento palestino como expressão da luta por libertação nacional — foi oficialmente banida, e o governo de Berlim anunciou que negará a cidadania a quem a utilizar. Novas regras de naturalização exigem a assinatura de uma declaração de apoio ao “direito de existir” de “Israel”.
Dogru denuncia esse processo como um movimento coordenado para sufocar a dissidência dentro do próprio país. “Estamos vendo o Estado alemão usar o caso contra mim como um teste. Se conseguem me silenciar, então podem silenciar qualquer um. Não se trata só de ‘Israel’. Trata-se de disciplinar a sociedade alemã como um todo”, disse.
Ele também teme pelas consequências para sua família:
“Dado que o governo alemão está se tornando cada vez mais repressivo — especialmente contra ativistas pró-Palestina, alguns dos quais estão sendo deportados ou ameaçados de deportação — estamos preocupados que medidas semelhantes possam ser aplicadas contra nós no futuro, especialmente contra minha esposa e filho.”
Ao MintPress News, Dogru ainda afirmou:
“Não é culpa histórica, nem solidariedade com vítimas do Holocausto. É sobre eliminar a oposição interna. O governo está mandando um recado: alinhe-se ou será esmagado.”