O Gabinete de Imprensa do governo de Gaza denunciou nesta segunda-feira (28) que ao menos 65 mil crianças palestinas foram hospitalizadas em decorrência de desnutrição grave. O número representa quase 6% das 1,1 milhão de crianças que enfrentam fome diariamente no enclave, expressão da catástrofe humanitária provocada pelo cerco criminoso imposto por “Israel”.

Em nota oficial, o governo palestino acusou a ocupação sionista de utilizar “a fome e a privação como arma sistemática de guerra contra civis”, em clara violação do direito internacional humanitário. A política genocida, que se intensificou com o bloqueio total da Faixa de Gaza retomado em 2 de março deste ano, vem impedindo a entrada de alimentos, remédios e suprimentos básicos, aprofundando o colapso sanitário na região.

“Israel usa a fome como arma para atingir crianças e civis inocentes”, afirma o comunicado, que responsabiliza integralmente o regime sionista pela deterioração catastrófica da saúde pública em Gaza.

A declaração do governo também denuncia o silêncio da chamada “comunidade internacional”, que se omite diante das “violações brutais e contínuas” cometidas pela ocupação. Segundo os palestinos, as instituições internacionais não apenas se recusam a responsabilizar “Israel” por seus crimes, como permitem, com sua conivência, a continuidade do massacre.

Um cerco planejado para matar

O bloqueio completo da Faixa de Gaza foi imposto por “Israel” após o fim da primeira fase do cessar-fogo, em 2 de março. O objetivo da medida foi forçar a resistência palestina a aceitar um novo acordo de rendição, favorável aos interesses sionistas, em detrimento da trégua. Para isso, o regime sionista fechou todas as principais passagens de ajuda humanitária, incluindo Rafá, Beit Hanoun e Karem Abu Salem.

A interrupção do fornecimento de mantimentos levou à paralisação das operações da ONU e das organizações de ajuda. O Programa Mundial de Alimentos informou, no último dia 25, que suas reservas de comida em Gaza foram totalmente esgotadas. A situação é agravada pelo fato de que mais de 80% dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa dependem exclusivamente da ajuda internacional para sobreviver.

Como resultado, os preços dos poucos produtos disponíveis explodiram. Os mercados estão praticamente vazios, e mesmo itens básicos tornaram-se inalcançáveis para a maioria da população. Em março, o número de crianças em estado de desnutrição aguda chegou a 3.700 — um aumento de 80% em relação ao mês anterior, de acordo com dados das Nações Unidas. Com a intensificação do bloqueio e dos bombardeios, esse número saltou para os atuais 65 mil casos hospitalizados.

Grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, classificaram o bloqueio como punição coletiva, o que configura crime de guerra segundo as Convenções de Genebra. A situação em Gaza, segundo essas entidades, atingiu os parâmetros legais de genocídio, com a fome sendo utilizada deliberadamente como instrumento de extermínio.

Ataques continuam a assassinar civis

Paralelamente ao cerco, a ofensiva militar sionista segue em curso. Somente entre a madrugada e o fim da tarde desta segunda-feira, 29 palestinos foram assassinados por ataques aéreos, bombardeios de artilharia e drones em diferentes regiões da Faixa de Gaza.

Os alvos dos ataques foram áreas densamente povoadas, como Khan Iunis, Cidade de Gaza, Rafá, Maghazi e Jabalia. Foram atingidos acampamentos de refugiados, residências, zonas agrícolas e até ambulâncias, como no caso da equipe de resgate alvo de drone em Jabalia, resultando na morte de quatro socorristas.

As forças de ocupação também incendiaram milhares de dunans de terras agrícolas perto de Beit Hanoun, intensificando a destruição da infraestrutura alimentar da região. Em Rafá, tratores blindados demoliram dezenas de residências, e ataques aéreos continuaram a atingir áreas civis em Shuja’iyya, Tuffah e Bureij.

Gaza como laboratório de armas

A campanha genocida contra Gaza também tem servido como vitrine de armamentos para a indústria militar sionista. Conforme denunciado pelo Middle East Monitor, o exército de ocupação anunciou recentemente a utilização de um novo sistema de foguetes, o Bar, produzido pela empresa Elbit Systems, o maior fabricante de armas da entidade sionista.

O sistema Bar, que começou a substituir os mísseis Rumach, é utilizado para testes em combate real contra civis palestinos, principalmente no sul da Faixa de Gaza. Desde outubro de 2023, diversas tecnologias militares, incluindo drones suicidas, robôs armados e armas de precisão, têm sido empregadas em Gaza com o objetivo explícito de promover a eficácia dos armamentos “testados em combate” ao mercado internacional.

Essa prática foi denunciada por especialistas como um método de experimentação militar em população civil — o que, além de desumano, configura grave violação do direito internacional. Ainda assim, a venda de armas da entidade sionista aumentou, especialmente com o apoio irrestrito das potências imperialistas.

Genocídio segue com aval do imperialismo

Desde o início da nova fase da guerra, em 7 de outubro de 2023, mais de 50 mil palestinos foram assassinados, sendo dois mil apenas desde 18 de março, quando a ocupação rompeu o cessar-fogo. A maior parte das vítimas são mulheres e crianças.

Os Estados Unidos continuam a fornecer armamento pesado e financiamento à máquina de guerra sionista, enquanto a União Europeia e outros países imperialistas mantêm sua cumplicidade criminosa. O governo brasileiro, por sua vez, evita qualquer sanção concreta e mantém relações diplomáticas e comerciais com o regime genocida.

Enquanto isso, o povo palestino segue resistindo. O governo de Gaza exigiu a reabertura imediata de todas as passagens fronteiriças e a entrada urgente de alimentos, medicamentos e suplementos para crianças e doentes. Também reiterou a necessidade de ações legais contra os criminosos de guerra sionistas, em especial pelo uso sistemático da fome como método de extermínio.

“O que ocorre em Gaza não é apenas uma tragédia humanitária, mas um genocídio cuidadosamente executado com aval internacional”, conclui o comunicado.

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Last Update: 30/04/2025