Ministro das Relações Exteriores do Brasil reafirma compromisso do Brasil com o multilateralismo em tempos de tensões geopolíticas


A Reunião de Chanceleres do BRICS Brasil teve início nesta segunda-feira, 28/4, no Rio de Janeiro. Esta é a primeira vez que os ministros das Relações Exteriores do grupo se encontram em agenda formal após a expansão. O evento, que congrega as representações dos onze países membros, além de países parceiros, acontece no Palácio do Itamaraty, prédio histórico da capital fluminense que foi a casa da diplomacia nacional por sete décadas.

“Essa reunião tem uma importância muito grande, em vários aspectos. É a primeira reunião plenária que congrega todos os países membros, além de países parceiros. Isso já demonstra o interesse que desperta ao mundo. Inicialmente, havia cinco países, agora, com os países parceiros, são  20 países.

O BRICS reúne quase metade da população mundial e 40% do Produto Interno Bruto (PIB), só isso já dá a importância do grupo”, declarou o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, o embaixador Mauro Vieira, sobre o papel desta agenda ao cenário de cooperação entre países do Sul Global. 

“O BRICS não é contra ninguém, contra nenhum bloco, nem contra nenhum país. O BRICS é a favor da união dos países e do desenvolvimentos nos países do chamado Sul Global”

“Esperamos entregar à próxima presidência, que será da Índia, resultados palpáveis dessas reuniões tão importantes”, continuou o ministro, em entrevista exclusiva ao BRICS Brasil.

Relembrando o sucesso da presidência brasileira do G20 no último ano, em que a coordenação nacional possibilitou consensos históricos entre as principais economias mundiais, como o comprometimento pela taxação de grandes fortunas, combate à fome e à pobreza e ação pelo clima, o ministro enfatizou a vocação da diplomacia nacional ao fortalecimento do multilateralismo.

“O BRICS é uma manifestação importantíssima do multilateralismo, e o multilateralismo é um princípio constitucional que no Brasil rege as relações exteriores. Então, o Brasil não pode deixar de fortalecer o multilateralismo e lutar para que seja cada vez mais forte, em especial em um momento como esse que nós vivemos, em que o multilateralismo tem sido atacado por todos os lados”, expôs o embaixador.

Vieira acrescentou que a defesa do multilateralismo está diretamente relacionada à manutenção dos organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), mesmo feitas as ressalvas de reforma da governança global e da arquitetura financeira internacional.

Vieira, como autoridade diplomática máxima do Brasil e coordenador do encontro desta semana, retomou a explicação sobre as intenções de qualificar acordos comerciais em moedas locais entre os países, o que se difere de qualquer possibilidade de criação de uma moeda local.

“O BRICS não é contra ninguém, contra nenhum bloco, nem contra nenhum país. O BRICS é a favor da união dos países e do desenvolvimentos nos países do chamado Sul Global. Uma das plataformas é a realização de comércio nas moedas locais, […] mas não não há nenhum projeto de substituição ou de criação de novas moedas, o que há é o interesse de transações com custos mais reduzidos”, frisou Vieira, que apresentou, por exemplo, que este modelo já é uma realidade no escopo da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração).

Em oportunidades anteriores, tanto o sherpa brasileiro do BRICS, o embaixador Mauricio Lyrio, quanto o assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República do Brasil, o embaixador Celso Amorim, também comentaram o tema, enfatizando a posição do grupo não como anti-ocidente, mas como mais uma peça no tabuleiro internacional de reforço do multilateralismo.

Com informações de BRICS*

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Last Update: 29/04/2025