Taqi al-Din al-Nabhani nasceu na aldeia de Ijzim, no distrito de Haifa, Palestina, em uma época marcada pela dominação imperialista britânica e pelo fortalecimento do movimento sionista na região. Filho de al-Shaykh Ibrahim e neto do renomado estudioso Shaykh Yusuf al-Nabhani, desde cedo recebeu formação religiosa rigorosa, que orientaria toda a sua trajetória política e intelectual.
Após estudos iniciais na escola elementar de Ijzim e na escola secundária de Acre, frequentando o ensino ministrado dentro da Mesquita Jazzar, Nabhani prosseguiu sua formação no Cairo, em 1928, onde estudou na tradicional Universidade al-Azhar. Ali, obteve o diploma de Alimiyya e outra certificação no Instituto Superior de Magistratura Religiosa, além de um diploma em língua e literatura árabe pela Dar al-Ulum.
De volta à Palestina, iniciou sua carreira como professor de matérias religiosas em Haifa e Hebron, até ingressar, em 1938, no Judiciário religioso. Atuou como escriba e, posteriormente, como juiz em diversas cidades, culminando na sua nomeação, em 1945, como juiz da corte religiosa de Ramla.
Nabhani ingressou na vida pública em 1941 como vice-presidente da Sociedade da Preservação da Fé (I‘tisam), fundada pelo xeique Muhammad Nimr al-Khatib em Haifa, dedicada à promoção de valores culturais e sociais e à luta contra a degradação moral. Nos anos seguintes, manteve contatos com lideranças da Irmandade Muçulmana, embora tenha se recusado a integrar a organização, preservando certa independência de pensamento, apesar da influência teórica de figuras como Sayyid Qutb.
Com a aproximação da catástrofe sionista, Nabhani participou da criação do Bloco Nacionalista Árabe em 1947, em Haifa. A ofensiva sionista contra a Palestina e a Nakba de 1948 foram determinantes para o amadurecimento de sua visão política: a necessidade de unir o sentimento nacional à defesa islâmica contra a agressão imperialista e sionista. Essa perspectiva aparece já em seu livro Salvar a Palestina.
Após breve refúgio na Síria, Nabhani retornou a Jerusalém, então sob controle jordaniano, onde continuou suas funções no Judiciário religioso e lecionou na Faculdade Científica Islâmica de Amã. Em 1951, afastou-se da magistratura para disputar, sem sucesso, uma cadeira no Parlamento jordaniano.
No ano seguinte, fundou o Partido Tahrir (Partido da Libertação), cujo objetivo era a retomada da vida islâmica plena, a partir da construção de um Estado Islâmico que restaurasse o califado, não através de reformas graduais, mas de uma mudança radical. Em sua obra O Governo no Islã, Nabhani delineou a constituição que nortearia esse projeto.
Logo em 1953, o regime jordaniano proibiu as atividades do Partido Tahrir, obrigando-o à clandestinidade. O partido formou células secretas em Jerusalém, Hebron, Nablus e em campos de refugiados palestinos. Perseguido, Nabhani mudou-se para Damasco e, posteriormente, para Beirute. Em 1959, o partido obteve autorização para operar no Líbano, expandindo sua atuação para Trípoli, Beirute e Sidon, sobretudo entre a juventude palestina refugiada.
A influência do Tahrir ultrapassou rapidamente as fronteiras do Levante, chegando ao Iraque, Egito, Turquia e, nas décadas seguintes, à África do Norte e à Europa, particularmente no Reino Unido. Após o colapso da União Soviética, o partido estabeleceu presença em várias repúblicas da Ásia Central.
Taqi al-Din al-Nabhani faleceu em Beirute, onde foi sepultado no cemitério de Hursh.