
Volodymyr Zelensky, líder da Ucrânia, se negou a atender ao pedido do governo brasileiro para uma conversa telefônica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pouco antes da viagem de Lula a Moscou.
A visita do brasileiro à capital russa, marcada para o dia 9 de maio, será uma participação nas comemorações pelos 80 anos da vitória contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, ao lado do presidente Vladimir Putin.
Representantes de Kiev, visivelmente incomodados, criticaram duramente a visita de Lula, sugerindo que a viagem seria uma reafirmação do apoio explícito do Brasil ao regime de Putin. Em declarações à CNN, uma fonte do governo ucraniano afirmou: “É uma pena que o governo Lula tenha escolhido esse caminho estranho, ignorando completamente a Ucrânia, desrespeitando abertamente Zelensky e, de forma contraditória, tentando obter um álibi de Kiev para justificar sua ida a Moscou e apoiar Putin em um desfile militar desastroso, disfarçado de ‘mediação de paz’”.
A indignação ucraniana também é visível em relação à possibilidade de fotos de Lula ao lado de Putin durante o desfile militar na Praça Vermelha, que muito provavelmente contará com a presença de tropas russas envolvidas na invasão da Ucrânia. “Lula vai, literalmente, mostrar que está ao lado de Putin”, disse uma outra fonte do governo ucraniano, reforçando o desconforto diante da aproximação brasileira com Moscou.
O governo brasileiro formalizou o pedido para uma conversa entre os dois presidentes em abril, mas Zelensky alegou problemas de agenda para recusar o contato.
Curiosamente, o presidente ucraniano teve tempo de se reunir com outros líderes mundiais, incluindo o presidente Donald Trump, durante o funeral do papa Francisco em Roma, no mesmo dia em que Lula também estava presente. Zelensky, no entanto, não fez nenhum esforço para conversar com o presidente brasileiro, demonstrando uma postura seletiva em suas interações diplomáticas.

Do lado brasileiro, a reação do governo foi de relativizar a recusa de Zelensky. O Itamaraty preferiu não responder diretamente às críticas de Kiev, mas uma fonte oficial afirmou que a negativa do líder ucraniano em dialogar com Lula não mudará a postura do Brasil em relação ao conflito.
Desde o início da guerra, o governo brasileiro se posicionou contra a invasão russa e sempre defendeu que a resolução do conflito deve passar pela diplomacia, algo que o Brasil continua a apoiar.
Enquanto o ucraniano era humilhado por Trump, nunca houve um diálogo mais equilibrado com o Brasil, que sempre buscou uma posição diplomática e não alinhada.
Antes da recusa de Zelensky, o embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, ressaltou que o Brasil sempre buscou conversar com todas as partes envolvidas em conflitos e questões diplomáticas.
Amorim defendeu a posição de que o diálogo deve envolver todos os lados, sendo este o princípio que guiou a visita de Lula à Rússia. O governo brasileiro reafirma, portanto, que, embora a recusa de Zelensky seja um capítulo delicado, a postura brasileira em relação à guerra não se alterará.
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